A conta chegou, e bem
pesada, para todos os brasileiros. A
escalada morro acima de preços no Brasil
impactou a economia nos últimos meses, como
mostram alguns indicadores. O Índice de
Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA —
indicador oficial de inflação –, por
exemplo, chegou a 1,06% em abril,
simplesmente a maior taxa para o mês desde
1996. E os números e percentuais do
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, o IBGE, mostram que, no mesmo
mês, o índice de difusão do IPCA foi de
78,3%, o maior desde janeiro de 2003
(85,9%). A realidade trágica da economia
brasileira foi debatida pelo presidente da
Associação dos Funcionários do BNDES, Arthur
Koblitz, membro eleito do Conselho de
Administração do BNDES, durante entrevista
ao programa
Faixa Livre, da
Rádio Bandeirantes AM-RJ, no último dia 11
de maio: “Tudo indica que teremos a
conclusão da gestão econômica desastrosa de
Paulo Guedes este ano, com o retorno do país
a uma situação com a qual estávamos até
desacostumados, a volta da inflação
acelerada”,
O economista ressaltou que o retorno da
inflação calcada em dois dígitos representa
uma derrota da ideia de que o país estava
livre de taxas de juros altíssimas, também
na casa de dois dígitos. “Lembrando que uma
das razões que motivou o fim da TJLP (taxa
de juros de longo prazo), a taxa de juros do
BNDES, era porque culpavam a taxa do Banco
pela alta da taxa de juros no Brasil. Agora
estamos vendo a volta da taxa de juros alta
sem a TJLP. É o coroamento de uma péssima
gestão da economia, de uma péssima equipe
econômica, e a adoção de um neoliberalismo
mais cru”, avaliou Koblitz.
O auxílio emergencial concedido recentemente
pelo governo, em um período que antecede a
campanha eleitoral à Presidência da
República, também foi questionado pelo
presidente da AFBNDES, para quem o auxílio
tem um propósito “totalmente eleitoreiro”.
“É um ultraliberalismo que não deixa de ser
populista também, que abre porta para um
populismo raso. Esse auxílio emergencial não
bate com o discurso dele (Jair Bolsonaro).
Alguém pode concordar com o auxílio, mas não
com as bases de argumentação que usam, no
caso, puramente eleitoreiras. O governo
Bolsonaro é uma ameaça democrática. Se fosse
um governo bem-sucedido, seria mais
perigoso. E quem paga mais no Brasil pelo
desastre econômico são os pobres”,
assinalou.
Agenda neoliberal – O neoliberalismo,
destacou o economista, traz consigo uma
dificuldade eleitoral acentuada. Koblitz
atribui ao neoliberalismo a derrocada da
presidente Dilma, que, após a eleição,
assumiu uma gestão neoliberal ao convocar
para seu governo o economista Joaquim Levy,
que anos depois assumiria a presidência do
BNDES no mandato de Bolsonaro: “E depois o
Temer, com a expectativa de fazer um
sucessor, foi derrotado pelo compromisso com
a agenda neoliberal. Então vemos, na
sequência, um terceiro candidato, um
terceiro presidente da República, atropelado
politicamente pelo neoliberalismo”.
Koblitz ressaltou que o país precisa
urgentemente libertar-se desse “compromisso”
com o neoliberalismo mantido nas últimas
décadas e alerta para que a sociedade faça a
cobrança dos candidatos, sejam eles quais
forem, da apresentação de seus programas
econômicos: “Têm que dizer que tipo de
compromisso terão ou não com as atuais
políticas macroeconômicas no Brasil. Acho
difícil alguém negar que o fenômeno
antidemocrático, e é isso que o Bolsonaro
traz de novo, é o responsável por essa
destruição. O neoliberalismo piorou o
Brasil. O desemprego, a frustração
constante, a miséria, a desesperança, os
planos fracassados das famílias, o fim da
indústria. Esse fruto de desesperança é
plantado pelo neoliberalismo”.
Perseguição aos empregados do BNDES –
O economista também recordou a perseguição a
que os empregados do BNDES vêm sendo
submetidos nos últimos anos, ou seja, um
processo deflagrado no mandato de Michel
Temer e intensificado no de Bolsonaro:
“Quando a atual diretoria assumiu, a de
Gustavo Montezano, o segundo presidente do
BNDES no governo Bolsonaro, eles vieram para
cima para tentar destruir a gente. Vieram
para acabar com a AFBNDES mesmo durante a
negociação do Acordo Coletivo de Trabalho.
Fizeram todo tipo de coisa. Vieram realmente
para liquidar, acabar, inclusive, com a
liberação de alguns funcionários para
atuarem na Associação. Mas de uns três anos
para cá, a AFBNDES nunca foi tão
representativa, a Casa nunca esteve tão
unida em torno dela como está hoje”.
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