A AFBNDES estimula a
assinatura, pelos
colegas benedenses,
da “Carta às
Brasileiras e aos
Brasileiros em
defesa do Estado
Democrático de
Direito!”, manifesto
organizado pela
Faculdade de Direito
da USP (Universidade
de São Paulo), que
será lido às 10h do
dia 11 de agosto
(próxima
quinta-feira), no
Largo de São
Francisco, na
capital paulista, em
defesa da democracia
brasileira. O
documento é
apresentado pelos
organizadores como
reação aos ataques
de Bolsonaro ao
sistema eleitoral e
às instituições
nacionais, embora
não mencione
diretamente o nome
do presidente.
O manifesto atingiu
esta semana mais de
700 mil assinaturas.
A pluralidade da
adesão é uma marca
do movimento, que já
atraiu, segundo a
Faculdade de Direito
da USP, juristas,
empresários,
banqueiros,
bancários, artistas,
sindicalistas,
advogados,
economistas,
jornalistas,
professores,
estudantes,
engenheiros,
médicos,
enfermeiros, entre
outros profissionais
de todos os setores
da sociedade.
Para assinar a
carta,
clique aqui.
O ato no dia 11/8
acontecerá em dois
momentos: o primeiro
no Salão Nobre da
Faculdade de
Direito, a partir
das 10h, com a
leitura do documento
“Em Defesa da
Democracia e da
Justiça”, liderado
pela Fiesp
(Federação das
Indústrias do Estado
de São Paulo); e o
segundo no Pátio das
Arcadas, às 11h30,
com a leitura da
“Carta às
Brasileiras e aos
Brasileiros em
defesa do Estado
Democrático de
Direito!”
O texto da Faculdade
de Direito é uma
reedição de
documento homônimo
lido, em agosto de
1977, em pleno
regime militar,
pelo professor de
direito Goffredo da
Silva Telles Junior
no mesmo Largo de
São Francisco. À
época, a carta
denunciava o
autoritarismo e a
ilegitimidade da
ditadura militar e o
estado de exceção no
qual o país se
encontrava.
Banqueiros como
Roberto Setubal,
Pedro Moreira Salles
e Candido Bracher
(Itaú Unibanco),
além do
ex-presidente do
Credit Suisse no
Brasil José Olympio
Pereira, estão entre
os que assinam o
texto que critica a
retórica de
Bolsonaro.
Também subscrevem o
manifesto Chico
Buarque de Hollanda,
Arnaldo Antunes, o
ex-jogador Walter
Casagrande, o
cineasta João
Moreira Salles e
empresários como
Guilherme Leal,
Pedro Passos e Fabio
Barbosa (da Natura),
Horácio Lafer Piva
(ex-presidente da
Fiesp) e Walter
Schalka (presidente
da Suzano).
“Ataques infundados e
desacompanhados de
provas questionam a
lisura do processo
eleitoral e o Estado
Democrático de
Direito tão
duramente
conquistado pela
sociedade
brasileira. São
intoleráveis as
ameaças aos demais
poderes e setores da
sociedade civil e a
incitação à
violência e à
ruptura da ordem
constitucional”, diz
o texto, reproduzido
abaixo
Ao abordar o período
eleitoral, a carta
afirma: “Ao invés de
uma festa cívica,
estamos passando por
momento de imenso
perigo para a
normalidade
democrática, risco
às instituições da
República e
insinuações de
desacato ao
resultado das
eleições”. O texto
também defende as
urnas eletrônicas,
classificadas como
"seguras e
confiáveis", em
contraposição aos
ataques de Bolsonaro,
sem provas, ao
sistema eleitoral.
O documento ainda diz
que os signatários
vão “deixar ao lado
divergências menores
em prol de algo
muito maior, a
defesa da ordem
democrática”.
Entre os signatários
da carta de 2022,
estão dez
ex-ministros do
Supremo Tribunal
Federal (STF), entre
os quais Celso de
Mello, Sepúlveda
Pertence, Carlos
Velloso, Carlos
Ayres Britto e Eros
Grau.
Assinam, também, os
ex-ministros Pedro
Malan (Fazenda),
Celso Lafer (Fazenda
e também Relações
Exteriores), o
ex-presidente do
Banco Central
Armínio Fraga e o
ex-governador do
Espírito Santo Paulo
Hartung.
O manifesto foi
organizado em várias
frentes, de acordo
com o diretor da
faculdade, Celso
Campilongo, e teve a
colaboração do
advogado Floriano
Peixoto Marques
Neto, professor da
USP, de membros da
Comissão Arns e de
outros juristas.
Entre os advogados,
assinam Miguel Reale
Júnior, Alberto
Toron, Lenio Streck,
Tércio Sampaio
Ferraz Júnior,
Belisario dos Santos
Junior e Rubens
Naves.
Manifesto liderado
pela Fiesp – Outro
manifesto
pró-democracia
(reproduzido abaixo)
foi articulado por
entidades
empresariais, sendo
a principal delas a
Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado
de São Paulo), e
está sendo endossado
por outras
organizações da
sociedade civil. A
Febraban (Federação
Nacional dos
Bancos),
confederações
nacionais da
indústria (CNI),
comércio (CNC) e
transportes (CNT),
Associação
Brasileira da
Infraestrutura e
Indústrias de Base (Abdib),
entidades do
agronegócio,
associações da
indústria médica e a
Fundação Fernando
Henrique Cardoso
assinam o documento,
que já conta com a
adesão de mais de
100 entidades.
Centrais sindicais
também assinam o
texto, como a
Central Única dos
Trabalhadores (CUT),
além de entidades
ligadas à proteção
ambiental, como
Greenpeace e WWF,
Clube de Engenharia
e União Nacional dos
Estudantes (UNE).
Leia o Manifesto
liderado pela
Faculdade de Direito
da Universidade de
São Paulo (USP):
"Em agosto de 1977, em meio às comemorações do
sesquicentenário de
fundação dos cursos
jurídicos no país, o
professor Goffredo
da Silva Telles
Junior, mestre de
todos nós, no
território livre do
Largo de São
Francisco, leu a
Carta aos
Brasileiros, na qual
denunciava a
ilegitimidade do
então governo
militar e o estado
de exceção em que
vivíamos. Conclamava
também o
restabelecimento do
estado de direito e
a convocação de uma
Assembleia Nacional
Constituinte.
A semente plantada
rendeu frutos. O
Brasil superou a
ditadura militar. A
Assembleia Nacional
Constituinte
resgatou a
legitimidade de
nossas instituições,
restabelecendo o
Estado Democrático
de Direito com a
prevalência do
respeito aos
direitos
fundamentais. Temos
os poderes da
República, o
Executivo, o
Legislativo e o
Judiciário, todos
independentes,
autônomos e com o
compromisso de
respeitar e zelar
pela observância do
pacto maior, a
Constituição
Federal.
Sob o manto da
Constituição Federal
de 1988, prestes a
completar seu 34º
aniversário,
passamos por
eleições livres e
periódicas, nas
quais o debate
político sobre os
projetos para o país
sempre foi
democrático, cabendo
a decisão final à
soberania popular. A
lição de Goffredo
está estampada em
nossa Constituição:
'Todo poder emana do
povo, que o exerce
por meio de seus
representantes
eleitos ou
diretamente, nos
termos desta
Constituição'.
Nossas eleições com
o processo
eletrônico de
apuração têm servido
de exemplo no mundo.
Tivemos várias
alternâncias de
poder com respeito
aos resultados das
urnas e transição
republicana de
governo. As urnas
eletrônicas
revelaram-se seguras
e confiáveis, assim
como a Justiça
Eleitoral. Nossa
democracia cresceu e
amadureceu, mas
muito ainda há de
ser feito.
Vivemos em um país
de profundas
desigualdades
sociais, com
carências em
serviços públicos
essenciais, como
saúde, educação,
habitação e
segurança pública.
Temos muito a
caminhar no
desenvolvimento das
nossas
potencialidades
econômicas de forma
sustentável. O
Estado apresenta-se
ineficiente diante
dos seus inúmeros
desafios. Pleitos
por maior respeito e
igualdade de
condições em matéria
de raça, gênero e
orientação sexual
ainda estão longe de
ser atendidos com a
devida plenitude.
Nos próximos dias,
em meio a estes
desafios, teremos o
início da campanha
eleitoral para a
renovação dos
mandatos dos
legislativos e
executivos estaduais
e federais. Neste
momento, deveríamos
ter o ápice da
democracia com a
disputa entre os
vários projetos
políticos visando
convencer o
eleitorado da melhor
proposta para os
rumos do país nos
próximos anos.
Ao invés de uma
festa cívica,
estamos passando por
momento de imenso
perigo para a
normalidade
democrática, risco
às instituições da
República e
insinuações de
desacato ao
resultado das
eleições. Ataques
infundados e
desacompanhados de
provas questionam a
lisura do processo
eleitoral e o Estado
Democrático de
Direito tão
duramente
conquistado pela
sociedade
brasileira.
São intoleráveis as
ameaças aos demais
poderes e setores da
sociedade civil e a
incitação à
violência e à
ruptura da ordem
constitucional.
Assistimos
recentemente a
desvarios
autoritários que
puseram em risco a
secular democracia
norte-americana. Lá
as tentativas de
desestabilizar a
democracia e a
confiança do povo na
lisura das eleições
não tiveram êxito,
aqui também não
terão. Nossa
consciência cívica é
muito maior do que
imaginam os
adversários da
democracia. Sabemos
deixar ao lado
divergências menores
em prol de algo
muito maior, a
defesa da ordem
democrática.
Imbuídos do espírito
cívico que lastreou
a Carta aos
Brasileiros de 1977
e reunidos no mesmo
território livre do
Largo de São
Francisco,
independentemente da
preferência
eleitoral ou
partidária de cada
um, clamamos às
brasileiras e aos
brasileiros a
ficarem alertas na
defesa da democracia
e do respeito ao
resultado das
eleições.
No Brasil atual não há mais espaço para
retrocessos
autoritários.
Ditadura e tortura
pertencem ao
passado. A solução
dos imensos desafios
da sociedade
brasileira passa
necessariamente pelo
respeito ao
resultado das
eleições. Em vigília
cívica contra as
tentativas de
rupturas, bradamos
de forma uníssona:
Estado Democrático
de Direito Sempre!"
Leia o documento “Em
defesa da Democracia
e da Justiça”,
liderado pela Fiesp:
“No ano do bicentenário da Independência,
reiteramos nosso
compromisso
inarredável com a
soberania do povo
brasileiro expressa
pelo voto e exercida
em conformidade com
a Constituição.
Quando do transcurso do centenário, os modernistas
lançaram, com a
Semana de 22, um
movimento cultural
que, apontando
caminhos para uma
arte com
características
brasileiras, ajudou
a moldar uma
identidade
genuinamente
nacional.
Hoje, mais uma vez, somos instigados a identificar
caminhos que
consolidem nossa
jornada em direção à
vontade de nossa
gente, que é a
independência
suprema que uma
nação pode alcançar.
A estabilidade
democrática, o
respeito ao Estado
de Direito e o
desenvolvimento são
condições
indispensáveis para
o Brasil superar os
seus principais
desafios. Esse é o
sentido maior do
Sete de Setembro
neste ano.
Nossa democracia tem dado provas seguidas de
robustez. Em menos
de quatro décadas,
enfrentou crises
profundas, tanto
econômicas, com
períodos de recessão
e hiperinflação,
quanto políticas,
superando essas
mazelas pela força
de nossas
instituições.
Elas foram sólidas o suficiente para garantir a
execução de governos
de diferentes
espectros políticos.
Sem se abalarem com
as litanias dos que
ultrapassam os
limites razoáveis
das críticas
construtivas, são as
nossas instituições
que continuam
garantindo o avanço
civilizatório da
sociedade
brasileira.
É importante que os Poderes da República –
Executivo,
Legislativo e
Judiciário –
promovam, de forma
independente e
harmônica, as
mudanças essenciais
para o
desenvolvimento do
Brasil.
As entidades da sociedade civil e os cidadãos que
subscrevem este ato
destacam o papel do
Judiciário
brasileiro, em
especial do Supremo
Tribunal Federal,
guardião último da
Constituição, e do
Tribunal Superior
Eleitoral, que tem
conduzido com plena
segurança,
eficiência e
integridade nossas
eleições respeitadas
internacionalmente,
e a todos os
magistrados,
reconhecendo o seu
inestimável papel,
ao longo de nossa
história, como poder
pacificador de
desacordos e
instância de
proteção dos
direitos
fundamentais.
A todos que exercem a nobre função jurisdicional
no país, prestamos
nossas homenagens
neste momento em que
o destino nos cobra
equilíbrio,
tolerância,
civilidade e visão
de futuro.
Queremos um país próspero, justo e solidário,
guiado pelos
princípios
republicanos
expressos na
Constituição, à qual
todos nos curvarmos,
confiantes na
vontade superior da
democracia. Ela se
fortalece com união,
reformando o que
exige reparos, não
destruindo; somando
as esperanças por um
Brasil altivo e
pacífico, não
subtraindo-as com
slogans e
divisionismos que
ameaçam a paz e o
desenvolvimento
almejados.
Todos os que subscrevem este ato reiteram seu
compromisso
inabalável com as
instituições e as
regras basilares do
Estado Democrático
de Direito,
constitutivas da
própria soberania do
povo brasileiro que,
na data simbólica da
fundação dos cursos
jurídicos no Brasil,
estamos a celebrar.” |