Em encontro na manhã de quarta-feira (18), no
Palácio do Planalto, com representantes das
centrais sindicais, sindicatos, federações e
confederações de trabalhadores, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o
trabalho conjunto entre ministérios do seu
governo e entidades sindicais para definir
uma política de valorização do salário
mínimo, direitos trabalhistas, inclusive
adaptados à realidade tecnológica, o
funcionamento de uma nova estrutura sindical
e a correção da tabela do imposto de renda.
Os debates serão feitos em grupos de
trabalho com a participação das entidades
sindicais e de representantes dos
ministérios. Logo no início do encontro,
Lula assinou despacho criando o primeiro GT,
que ficará responsável por debater e definir
a nova política de valorização do salário
mínimo. Definida, a proposta será enviada ao
Congresso Nacional para aprovação.
“A massa salarial caiu muito. No meu governo
(anterior), 95% dos acordos eram acima da
inflação, hoje, 17% apenas têm aumento real.
Temos que fazer o país voltar a crescer,
mas, para isto, precisamos começar
aumentando o poder de compra do salário
mínimo, com estabilidade fiscal. Mas, para
facilitar a aprovação desta questão pelo
Congresso Nacional, temos que construir
consensos e isso começa pelos debates nas
comissões (GTs)”, disse.
Distribuir renda
Lula lembrou que, este ano, o valor do
salário mínimo já está definido em R$ 1.302.
“Precisamos voltar a fazer os reajustes do
mínimo com base também no crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto), porque não pode o
país crescer e este crescimento ser
repassado só para os donos das empresas, tem
que ser dividido também por aqueles que
trabalham para fazer o PIB crescer”, disse.
Outro GT importante citado por Lula é o que
discutirá uma nova legislação trabalhista,
moderna, que garanta direitos inclusive para
os trabalhadores de plataformas que são
tratados como empreendedores, mas que, na
verdade, fazem bicos, sem ter sequer
direitos básicos. “Vivem num sistema de
semiescravidão, sem a seguridade que lhes
garanta uma licença remunerada para
tratamento em casos de acidente ou doença,
sem férias, nem 13º e FGTS”, lembrou.
Democracia depende de sindicatos fortes
Lula defendeu a criação de uma nova
estrutura sindical que fortaleça as
entidades que defendem os direitos dos
trabalhadores. “Nestes últimos governos os
sindicatos foram muito atacados e isso
enfraqueceu os trabalhadores. Precisamos
discutir novas formas para fortalecer o
movimento sindical. Não há democracia forte
sem sindicatos fortes”, disse.
O presidente frisou ter herdado um país
destruído, com políticas públicas
desmontadas, sem recursos. “Para que se
tenha uma ideia, o novo governo começou a
governar antes de sua posse. Foi preciso
aprovar uma PEC da Transição, de emergência,
para pode fazer funcionar o básico da
máquina pública, porque não tinha dinheiro
para a saúde, programas sociais, educação”.
Ainda sobre Bolsonaro, criticou a tentativa
de golpe do dia 8 de janeiro, quando
bolsonaristas destruíram os prédios federais
da Praça dos Três Poderes. "Não sei se o
Bolsonaro mandou fazer aquilo, mas ele
precisa responder por ter passado quatro
anos dizendo que o povo tinha que se armar
para defender a democracia", disse,
criticando ainda a ampla divulgação de
notícias falsas.
Imposto de Renda
Outro GT é o do imposto de renda, que vai
discutir a correção da tabela para o próximo
ano, já que não foi incluía por Bolsonaro no
orçamento de 2023. “Quem paga imposto de
renda no Brasil, na verdade, é quem recebe
no holerite. O pobre que ganha R$ 3 mil
paga, proporcionalmente, mais imposto que o
rico. Vamos cumprir nosso compromisso de
campanha de isentar de imposto de renda quem
ganha até R$ 5 mil e com a reforma
tributária, reduzir a tributação dos que
ganham menos e aumentar a dos ricos”,
adiantou.
Se referiu a uma briga constante com os
economistas do PT porque quer isenção do IR
para os que recebam até R$ 5 mil, mas que
eles alertam que isso representa "60% de
toda a arrecadação.
E mandou um recado para os sindicalistas:
“Estes GTs são uma parceria do governo com o
movimento sindical. Mas é preciso que vocês
me pressionem, que me pressionem o tempo
todo, para que eu saiba quando vocês
estiverem contra alguma coisa. Se vocês não
pressionarem vou achar que estão gostando”,
brincou.
Sindicalistas fazem pedidos
●
Antes de Marinho e do presidente Lula,
usaram a palavra líderes das centrais
sindicais. Entre outros pontos, os
sindicalistas:
● Manifestaram
solidariedade ao governo e repúdio aos atos
golpistas na Esplanada dos Ministérios, no
último dia 8;
● Pediram
punição aos golpistas e terroristas
envolvidos nesses atos;
●
Pediram a criação de uma nova "estrutura
sindical", que não envolva a volta do
imposto sindical obrigatório, mas preveja
formas de financiamento das entidades;
● Que
trabalhadores por aplicativo tenham
ferramentas de seguridade social, como
contribuição previdenciária e seguro de
vida.
Fonte:
BancáriosRio
/
G1 |