Pular para o conteúdo Vá para o rodapé

Mais tweets, por favor

VÍNCULO 1336 – É egoísta? Sim. Tem feito bem à imagem do país? Nem um pouco. Mas se você tem um pouco de bom humor e trabalha no BNDES, vai nos perdoar. Enquanto reina a sanha “tuiteira”, tivemos alguma trégua nas manchetes de jornal, televisão e redes sociais em relação ao BNDES. Até quando?

Não foram apenas os tweets aloprados do presidente da República (incluindo vídeo pornô e ataques a jornalistas) – sobre quem matou Marielle, a vitória da Mangueira, “olavetes” versus militares no Ministério da Educação, “olavetes” versus Itamaraty e militares no Itamaraty, crise na Venezuela… Essas publicações ajudaram a nos deixar um pouquinho fora do foco. Na verdade, deixaram a agenda econômica fora de foco, o que na visão de muitos é o mais grave. Afinal, não deveria a Reforma da Previdência, a esta altura, ser o principal filme em cartaz?

Do nosso ponto de vista, um pouquinho mesquinho talvez, o lado bom é que tivemos um certo alívio nas manchetes. Mas nos bastidores continuaram tramando contra a gente. Um exemplo grave. A proposta de Reforma da Previdência traz um contrabando para espetar o BNDES: a redução dos repasses do PIS/PASEP de 40% para 28%. Os que defendem ou acham que não é grave, entendem que 28% é o que já recebemos depois da aplicação da DRU. A proposta é reduzir para 28% os repasses e acabar com a DRU. A verdade é que mesmo que não haja um impacto imediato, a proposta é ruim, pois enfraquece o Banco estruturalmente, além de reduzir um parâmetro previsto na Constituição. Quem garante que não virão novas reduções no futuro via novas DRUs? E, mais grave, continua prevalecendo a percepção de que o BNDES é um fardo fiscal, quando isso não é verdade (eles falam dos custos dos subsídios sem levar em conta as receitas fiscais que a atuação do BNDES gera). O país precisa de investimento para sair da crise, e o BNDES é a instituição pública mais diretamente vinculada ao estímulo ao investimento. O BNDES é parte da solução, não do problema. Da Constituição de 1988 para cá, o país ficou relativamente mais para trás. Muito mais. Se precisávamos de 40% no BNDES naquela época, deveríamos estar falando em aumentar essa percentagem, não em reduzi-la.

Mas se o país ficou para trás nos últimos 30 anos, não é um sinal de que esses repasses não fizeram tanta diferença? Exercícios contrafactuais são difíceis, mas nesse caso é clara a resposta. Descartando as fantasias liberais de ineficácia da política monetária (tese que ainda vai cair no ridículo; a conversão de André Lara Resende é apenas um prenúncio – aliás, a convite da AFBNDES, o economista virá ao Banco em abril para falar sobre “a crise da macroeconomia”), está claro que o BNDES proporcionou o incentivo econômico que ajudou a segurar as pontas. E não estamos falando de segurar as ponta das “elites” como sugere o presidente Levy, numa resposta infeliz ao jornal Valor, mas segurando as pontas do setor produtivo brasileiro. Num país com taxas de juros absurdas, câmbio valorizado e/ou volátil, investimento público deprimido, infraestrutura precária, quais são os incentivos para produzir e expandir a produção? Quais são os incentivos para criar novos setores? Para atrair investimentos PRODUTIVOS externos? A resposta dos últimos 30 anos: a taxa de juros (subsidiada, diferenciada, promocional, o leitor escolhe o termo) do BNDES.

O que eles querem nos fazer acreditar é absurdo. É sugerir que talvez esta taxa tenha sido a razão de todos os problemas. O contrafactual liberal é constrangedor no seu desafio do bom senso. Haja econometria e equilíbrio geral na veia para acreditar nisso.

Infelizmente, acreditamos que a trégua relativa não vai durar. No horizonte, vários problemas. Anuncia, por exemplo, o jornalista Lauro Jardim que o Ministério Público deverá nessa ou na próxima semana apresentar a denúncia da Operação Bullish. No pequeno intervalo entre os tweets carnavalescos e os contra jornalistas, o presidente da República tentou retomar a acusação de “caixa-preta” no BNDES; foi aprovada nova CPI sobre o Banco no Congresso Nacional; e, finalmente, alguns sinais da atual administração indicam que a centralidade do BNDES como financiador da infraestrutura pode estar em xeque.

De fato, é incrível notar a centralidade que o BNDES ganhou, particularmente, no imaginário conservador e liberal. Se nas últimas semanas esses setores dentro do governo, na imprensa e nas redes sociais estão se digladiando, chegando a praticamente dispensar a oposição de seu papel de antagonista, sabemos que estarão de mãos dadas, em breve, no ataque ao BNDES.

Então, rapaziada, aproveita enquanto der esse nosso “carnaval” estendido. Continuamos atentos às manobras de bastidores, mas ficar fora das manchetes já é alguma coisa. Mais tweets, por favor.

Associação dos
Funcionários do BNDES

Av. República do Chile, 100 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20031-170

E-mail: afbndes@afbndes.org.br | Telefone: 0800 232 6337

Av. República do Chile 100, subsolo 1, Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20031-917
E-mail: afbndes@afbndes.org.br
Telefone: 0800 232 6337

© 2024. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por: AFBNDES

×