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O Presidente e o Ex-Presidente

VÍNCULO 1343 – Não dá para comparar. Um tem toda a liberdade, o outro está submetido a uma série de restrições. Então, mesmo que concordassem em tudo, diriam coisas distintas, de forma distinta. Tendo claro isso, a palestra de Mendonça de Barros na última terça-feira no Teatro Arino Ramos Ferreira (coberta pelo Valor, edição de 02/05/2019) e a entrevista de Levy ao Valor na última sexta-feira (26/04/2019) podem ser produtivamente confrontadas.

Muito interessante observar uma certa convergência sobre o tema da devolução dos recursos emprestados pelo Tesouro ao BNDES. Levy, contrariando ministro e secretários da Economia, afirma que o tema “vai ser resolvido tecnicamente”. Se for mesmo, não é para devolver antecipadamente nada. Em primeiro lugar, porque é contra a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Em segundo lugar, por que a tarefa do momento, como já cansamos de escrever aqui, é injetar os recursos em reais mobilizados no BNDES na economia. Esse segundo ponto é a base para a convergência contra a devolução, uma vez que foi completamente referendado por Mendonça de Barros na palestra. Usando sua liberdade, re-feriu-se à “loucura” da devolução.

Nesse segundo ponto também temos a base para aparente divergência. Mendonça de Barros pensa no papel do BNDES como parte de medidas voltadas para a retomada da economia. A posição de Levy parece mais realista que a do rei. Enquanto Brasília já reconhece a necessidade de medidas de estímulo de curto prazo, manchete de O Globo de ontem (verdade que o reconhecimento já tem mais de mês e nada de concreto foi anunciado – ver Blog Valdo Cruz, 29/03), a entrevista de Levy não menciona o tema, e mostra uma carola devoção aos poderes místicos estimulantes da Reforma da Previdência.

Outra diferença interessante (esperamos que o tempo ajude a dirimi-la): o tratamento ao corpo funcional benedense. Mendonça de Barros declara, emocionado, que os três anos à frente do Banco foram um dos grandes momentos de sua vida profissional. Estamos falando de alguém que pagou caro em aporrinhações na Justiça devido à passagem pelo BNDES, e que mesmo assim guardou a experiência com esse grau de orgulho e satisfação.

E o que escutamos de Levy pela imprensa?

“Temos que fazer uma realocação da força de trabalho, inclusive descobrindo as reais capacidades dela porque agora a turma vai ter que mostrar a que veio. Não pode ser 200 caras em 2,5 mil. Tem que ter todo o exército no ‘deck’ para operar”.

Como entender, senão como provocação gratuita ao corpo funcional? Some-se a isso o estoque de declarações infelizes, vamos ser sinceros, levianas, sobre “compliance” do Banco e operações de comércio exterior. Tudo feito sem prévia discussão com o corpo técnico. Como membros da Diretoria da AFBNDES que tiveram a oportunidade de reuniões com os três últimos presidentes do Banco e com vários diretores da casa, essas declarações não têm precedentes.

O presidente talvez pilote uma estratégia incrivelmente elaborada, desagradando, de forma simultânea, Brasília e o corpo técnico do Banco. Reconhecemos a correção na atitude de pensar nas metas do BNDES, primeiro, antes de propor ajustes; reconhecemos as virtudes, mesmo que pareça mais hesitação do que convicção, de, apesar de toda a pressão, evitar as questões da venda da carteira da BNDESPar e da devolução dos recursos do Tesouro. O que é difícil de entender são os ataques. Será que a irritação em Brasília é aplacada quando ele bate nos empregados do BNDES?

Modesto conselho, baseado na Teoria dos Jogos: estratégias muito elaboradas nem sempre dão resultado. Na competição de jogos do tipo dilema do prisioneiro repetido, a estratégia vencedora é a simplérrima “Tit-for-Tat”. Mais explicitamente, a mensagem é: cooperação baseada na reciprocidade.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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