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Coaching e o desmonte do BNDES

VÍNCULO 1368 – Muitos assistiram aliviados ao anúncio da campanha BNDES Aberto pelo presidente Gustavo Montezano e os gerentes da Área de Comunicação. O presidente está visivelmente empolgado com sua posição de principal dirigente do BNDES. Não se pode ter dúvida de que tal entusiasmo é genuíno e que, até certo ponto, ou para certo público, ele pode ser contagiante. Durante sua apresentação houve uma grande demonstração de confiança no futuro do Banco. A confiança é tão grande que, às vezes, pode ser confundida com certo grau de deslumbramento. Como no momento em que Montezano relata que, do BID ao Ministério do Meio Ambiente, há uma expectativa de que ele e o BNDES possam resolver os problemas.

A peça publicitária da campanha segue o formato das anteriores: defende o BNDES em termos bem genéricos, talvez com um tom maior de autocrítica, falando da “abertura” como algo novo. A mensagem é bem positiva. Possivelmente o maior acerto tenha sido evitar qualquer referência à “caixapreta”. Ainda é necessário ter cautela e examinar o que virá depois, nos filmes focados em questões específicas. Correm notícias, por exemplo, de que um senhor da nova equipe tem como função catar assuntos “controversos” para preencher a agenda da abertura da “caixapreta”… Algo sinistro.

Como um todo, esse quadro pode parecer distante das previsões mais negativas a respeito do mandato do atual presidente, claramente temidas pela AFBNDES. Será isso mesmo?

É preciso, no entanto, sobriedade na análise. Há um lado muito obscuro no discurso de Montezano. Sua repetição de que não devemos depender de recursos do governo federal – que foram desdenhados como mera “mesada”, recursos que necessitam ir para outras finalidades supostamente mais importantes etc. –, de que, portanto, não devemos defender em Brasília a manutenção de tais recursos e repasses. É, seguramente, a reverberação interna das ordens recebidas dos chefes em Brasília. A magia de Montezano é esconder a absoluta subserviência em relação ao governo federal (declaradamente, escancaradamente, anti-BNDES) por trás de uma retórica de compromisso com o Banco e seus empregados.

Paulo Rabello de Castro, Dyogo Oliveira e Joaquim Levy entraram em confronto com Brasília sobre devolução de recursos e manutenção das condições de competitividade para o Banco. Montezano representa um rompimento. As perguntas que têm que ser feitas são: em nome do quê? Com base no quê? Nada poderia ser mais vago. Seu discurso é tão vago que em determinado momento ele mesmo admite que o que fala pode parecer “maluco”. Não entendemos assim: a descontração foi muito longe no comentário autodepreciativo. Não é maluco. É vago, é pouco estudado, é voluntarista. E, acima de tudo, não é responsável conduzir o Banco dessa forma, com esse grau de improviso.

O recente encantamento com outros bancos de desenvolvimento deveria vir acompanhado do entendimento de que todas essas instituições são por construção dotadas de recursos em condições especiais. As formas variam de país para país. Mas essa é a lógica que fundamenta as instituições de desenvolvimento. O BNDES já abriu mão, sem contrapartidas, de sua taxa subsidiada. Já devolveu centenas de bilhões de reais num prazo inacreditável. Ainda estamos sob ameaça de uma verdadeira liquidação da carteira da BNDESPAR – agora, talvez e lamentavelmente, com a anuência dos superintendentes. Enquanto isso, o Ministério da Economia não desiste de acabar mesmo com os repasses constitucionais que vêm para o Banco, como mostra a tentativa de aprovação da MP 889, com a exclusão de todas as emendas feitas para proteger o funding do BNDES (VÍNCULO 1357, de 08/08/2019).

O que está sendo proposto para o BNDES é uma aventura de consequências desastrosas. Não é hora de se render a wishfull-thinking. É preciso confrontar as fantasias à realidade. O núcleo técnico da Casa tem mais do que nunca a responsabilidade de constranger as propostas de desmando com conhecimento, argumento técnico e informação. Com coragem – como já foram dados exemplos brilhantes – e consciência de que o Banco está acima de cargos pessoais.

A AFBNDES continuará onde esteve nos últimos anos: na resistência ao desmonte do BNDES. Esta continua sendo a prioridade máxima. Não podemos olhar para trás e achar que foi com a nossa cumplicidade que tudo aconteceu. Não percamos de vista que o desastre econômico gerado pela atual equipe econômica não pode durar indefinidamente. Eles sabem disso e se apressam na tentativa de impor sua agenda antipatriótica na plenitude. Uma peça-chave dessa reforma é a destruição do BNDES.

Vamos acordar, benedense!

Associação dos
Funcionários do BNDES

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