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O papelão do BNDES no Brasil distópico de Bolsonaro

VÍNCULO 1399 – Um país com mais de 60.000 mortos, numa contagem sabidamente subnotificada, e o presidente trabalhando para relaxar o uso de máscaras? Será que o nobre conceito de liberdade sobreviverá ao seu uso, à sua invocação constante, para justificar as ações anti-humanistas de Bolsonaro?  

Num futuro não muito distante se fará uma avaliação das razões do fracasso brasileiro para salvar vidas e proteger a economia dos impactos da pandemia. Nessa avaliação terá uma seção sobre o BNDES. Quão importante será esta seção?  

Difícil dizer. Tudo está tão errado, tão desorganizado, que a grave omissão do Banco pode ficar ofuscada. Não há dúvida, no entanto, que as políticas creditícias não estão funcionando – consenso do qual faz parte até o “guru” Paulo Guedes.  

Quando até o outro “guru” do presidente reconhece uma coisa errada na sua gestão, é porque a coisa tá feia mesmo. Se ficarmos calados, vamos ser julgados daqui a pouco, acusados pela sociedade e desta vez com razão. Quando esse futuro inexorável chegar, esperamos que a mídia faça a cobrança de explicações aos que pilotam o BNDES hoje. Esperamos que esses estejam agindo sabendo que terão que se explicar.  

Se começarmos a organizar as razões para o não funcionamento das políticas do BNDES, teríamos que incluir, entre elas:  

1. a falta de compreensão da gravidade da crise.  

2. a busca por soluções “inovadoras”, quando o que deveria ser feito era usar os instrumentos conhecidos, que foram utilizados de forma bem-sucedida na crise de 2008. Ora, o que é inovador é sujeito à incerteza, ao erro. O que a urgência do momento exige é mais prioridade para a eficácia das medidas do que para a discussão da eficiência das mesmas.

3. quem pautou a agenda de propostas foram os agentes do sistema financeiro privado brasileiro, e não burocratas estatais treinados para pensar no impacto das medidas na sociedade.  

4. os erros da intervenção proposta eram muito previsíveis.  

5. o legado do governo Temer e seu projeto “Ponte para o futuro”. Em especial, o equívoco na forma particularmente rígida como foi proposta a TLP. Na economia, a gestão do Posto Ipiranga = Ponte para o Futuro + tocado pelo time B (C ou D). O time D, por ser o time D, não tem coragem de contrariar as burradas, evidentes, que seus mestres fizeram no verão passado.  

6. nomeação de uma diretoria do BNDES sem estatura para se impor.  

Apesar dos elogios diplomáticos, o presidente do Banco vive a seguinte situação: não confia na equipe que dirige e não tem a confiança de Brasília. Sua vida é facilitada no curto prazo por falta de um corpo dirigente de verdade no BNDES. Os superintendentes estão cada vez mais limitados às suas áreas – aparentemente desprovidos de um mínimo de visão compartilhada sobre o papel do BNDES. Eles precisam, mais do que nunca, mudar a atitude e trilhar um percurso mais próximo dos anseios do corpo funcional. O caminho mais fácil, por outro lado, condena o presidente a um beco sem saída. A atuação medíocre, inexpressiva do BNDES, tende a deixá-lo sozinho. Corre o risco de ficar sem quem o defenda em Brasília e no Banco. O presidente tem que aprender com o sapo e tomar cuidado com essa água que esquenta aos pouquinhos. Tem que abandonar sua busca por um meio caminho que não existe. Tem que cuidar de defender o que acha que está certo, sem se preocupar com seu emprego. Se tomasse a decisão correta, teria o apoio dos empregados do BNDES.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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