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O que a administração precisa entender sobre a reação dos empregados ao novo sistema de pontos

VÍNCULO 1429 – Estamos diante de novo conflito na Casa causado pela forma impositiva, confusa, e até mesmo belicosa, com que a atual administração do Banco tende a considerar seu papel diante dos empregados do BNDES.  

Infelizmente, a metáfora do ‘abraço no inimigo para colocar uma granada no seu bolso’, usada pelo ministro Paulo Guedes com referência aos servidores públicos, parece revelar um sentimento profundo que também marca as atitudes da atual administração diante dos empregados do BNDES.  

Para contribuir com o entendimento na Casa, sugerimos que a atual administração pode estar criando mais um cavalo de batalha, em vez de procurar gerar entendimento em favor da atuação e aperfeiçoamento do BNDES. Tudo isso por não considerar algumas questões. As seguintes, no nosso entender:  

Em primeiro lugar, os empregados do BNDES são favoráveis à adoção de métodos de gestão que favoreçam o aumento de produtividade. Como numa organização que pretende ser marcada por excelência, que está convencida dessa necessidade, não prosperaria entre os empregados uma reação a uma proposta que fosse movida apenas por comodismo ou conservadorismo.  

Em segundo lugar, há antiga e ampla insatisfação com os métodos atuais de alocação de promoções. Qualquer método que proponha uma forma mais impessoal, transparente e meritocrática de distribuição de promoções também teria a seu favor a simpatia de boa parte da Casa.  

Em terceiro lugar, apesar de toda divergência que temos com as principais metas da atual gestão (ver editorial “As cinco metas de Montezano”, de julho de 2019), isso não significa que não podemos esperar contribuições positivas. Dentro das possíveis contribuições positivas poderia ser incluída a de introdução de métodos mais modernos de gestão de recursos humanos, mais em sintonia, por exemplo, com o que é praticado no setor privado. Essa presunção naturalmente derivada da notória preponderância de administradores egressos do setor privado na Diretoria e no Conselho de Administração do BNDES.  

Mas o que faz a administração que passou quase seis meses para fechar um Acordo Coletivo de Trabalho? Que perseguiu direitos básicos das históricas e representativas Associações de Funcionários, acabando por arrancar tais entidades do ACT? Que colocou como prioridade no mesmo Acordo acabar com o instituto que impedia a demissão arbitrária, fazendo questão de estabelecer a possibilidade da demissão por insuficiência de desempenho, sem nenhuma discussão prévia com os empregados? Tudo isso em meio a demonstrações continuadas de dedicação do corpo funcional ao trabalho diante da maior crise sanitária da história do país?  

O que faz essa administração depois de ser informada, há uma semana, que conta com a confiança plena de apenas 5% do corpo funcional (isso implica que mesmo na alta administração o sentimento de falta de confiança existe)? Propõe um novo método de avaliação para alocação de promoções sem discutir com as representações dos empregados e no anúncio do novo método comunica que ele já está valendo, e que não é apenas um método para alocar promoções, mas também para determinar a distribuição da PLR!  

Não dá para excluir com base nisso – quer dizer: não dá para silenciar com argumentos – os que defendem que a intenção da administração é causar apenas ‘balbúrdia’ (para lembrar uma engraçada expressão recuperada por uma lamentável figura que assombrou a República não faz muito tempo).

Em resumo: mudanças de gestão são bem-vindas, mas é preciso que elas sejam devidamente comunicadas, explicadas, debatidas e testadas. É isso o que pede o corpo funcional. Nosso apelo à administração: escutem o corpo funcional, vejam o resultado da pesquisa de clima, vocês podem estar ajudando a queimar uma possível boa ideia pela forma com que conduzem o processo de gestão no BNDES.

Se a ideia for boa, se ela criar incentivos para um melhor desempenho dos empregados do Banco, nós a abraçaremos. Um novo método para alocar promoções, em particular, é bem-vindo.  

Nossa proposta é a seguinte: façamos com serenidade uma discussão sobre o novo método. Absorvam as contribuições dos empregados. Façam um teste de um ano. Há incertezas. Questões que são difíceis de prever. Os empregados ficarão mais confiantes sobre quais são suas implicações. Nem todo mundo vai ficar satisfeito, mas a maioria saberá reconhecer e defenderá o novo método se ele se mostrar mais indutor de transparência, impessoalidade e meritocracia.  

Seria um legado importante que essa administração poderia deixar. Algo que poderia ser usado para aparecer no lado positivo de uma balança que do outro lado conta com os pesos da destruição da BNDESPAR, da descapitalização do BNDES, da anuência para a interrupção dos repasses constitucionais à nossa instituição e da negação da necessidade de revisão da TLP.  

Tivemos nesta sexta-feira (12), pela manhã, uma reunião de alto nível com o superintendente da APEC e com Tiago Soeiro, um dos técnicos que trabalhou no sistema de pontos. Estiveram presentes membros das diretorias da AFBNDES, AFFINAME, e do CD da AFBNDES. Conversamos, apresentamos nossas dúvidas, questionamentos e insatisfações. Aprendemos com os responsáveis pelo sistema. Fica uma convicção de nossa parte. Não fomos nós que acabamos com o clima de cordialidade. Onde ele estiver vivo, vamos ajudar a resgatá-lo. Mas que fique claro: cordialidade não é o mesmo que subserviência. Somos defensores da liberdade de expressão e do debate, do contraponto.

Aguardamos e torcemos para que o bom senso prevaleça.

Enquanto isso, organizaremos, na volta do feriado de Carnaval, uma enquete junto aos empregados sobre o sistema de pontos e uma live para aprofundar o assunto. 

Associação dos
Funcionários do BNDES

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