Pular para o conteúdo Vá para o rodapé

Sobre o Plano de Retorno ao Trabalho Presencial no BNDES

VÍNCULO 1455 – No último editorial do VÍNCULO, prevíamos avanços na negociação do Acordo de Jornada de Trabalho (AJT) e na programação do retorno presencial.

Depois de algum atraso, nossas previsões se confirmaram.

Cabe agora avaliarmos coletivamente o que fazer em face desses avanços.

Graças à mobilização dos empregados do BNDES na convocação da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de hoje, na realização de lives e na enquete sobre o retorno ao trabalho presencial, assim como em função das propostas apresentadas aos superintendentes nas reuniões com o Subcomitê de Contingência do Banco, conseguimos avanços muito substantivos nos protocolos de segurança para este retorno. 

Devemos destacar também o que nos parece ter sido um grande esforço negocial do Subcomitê de Contingência e dos superintendentes junto à Diretoria para alcançar esses avanços.

Não podemos desconsiderar, é claro, que o adiamento do início do retorno para outubro contou, também, com a deterioração das condições da epidemia. Já era previsível quando realizado o último webinário que a difusão da cepa delta do novo coronavírus no Rio tornaria temerária e irresponsável a insistência com o retorno a partir de 1º de setembro. Manter o retorno em setembro com as informações que temos hoje exigiria um grau de negacionismo em escala ‘talibânica’. Estamos aliviados de termos sinais de que esse não é o caso no BNDES.

Sobre o início do retorno, achamos importante destacar ainda um ponto da administração e outro da AFBNDES. A administração afirmou enfaticamente que antes de 4 de outubro não retornaremos, e que essa data pode ser ainda postergada a depender da evolução da pandemia. Manteremos a vigilância necessária sobre essa questão.

A AFBNDES continua achando, em conformidade com o que acreditamos ser a posição da maioria dos empregados, o retorno desnecessário e imotivado. Os riscos estão dados – relacionados à saúde dos trabalhadores do BNDES –, já os ganhos ainda não foram apresentados. Esperamos que a Diretoria e seu presidente forneçam no próximo webinário o que ainda não forneceram: as razões para o retorno ao trabalho presencial antes da normalização das condições sanitárias nos estados onde o BNDES opera.

Entrando na discussão sobre as medidas de proteção sanitária vigentes no retorno, entre as anunciadas hoje, encontram-se várias que decorreram da enquete realizada pela AFBNDES:

– Exigência da comprovação de vacinação de todos os ocupantes do Edserj (inclusive terceirizados e visitantes);

– Metas de ocupação do Edserj (limite de 60 pessoas por andar);

– Afastamento compulsório e opcional de vários grupos sensíveis;

– Testagem periódica dos empregados ainda em análise pela FAPES.

Temos mantido também reuniões da AFBNDES com o Subcomitê de Contingência. Nesses encontros, encaminhamos algumas propostas que também parecem ter influenciado o comunicado de hoje. Entre elas, a controversa prioridade do retorno das equipes ao presencial respeitando a hierarquia.

Importante destacar que mesmo que haja sinais de influência das propostas encaminhadas pelos empregados via AFBNDES, os procedimentos adotados não foram exatamente os sugeridos e alguns ainda mantêm questões decisivas em aberto.

Destacamos:

– A exigência de comprovação de vacinação sem a determinação das consequências para os que se recusem a vacinar pode criar um estímulo a não imunização ou imunização parcial dos empregados do BNDES. Propostas de manutenção de empregados não vacinados em ambientes reclusos dificilmente serão viáveis. Por exemplo: como haveria o isolamento desses empregados do pessoal nos serviços terceirizados de limpeza e condomínio?

– As metas de ocupação deveriam estar combinadas com a previsão de rodízio (uma espécie de trabalho híbrido emergencial). Entretanto, esse procedimento ainda não está claramente estabelecido;

– No tratamento dos grupos sensíveis nada foi determinado sobre os empregados com crianças em idade escolar (abaixo de 12 anos). Que isso deveria ser uma consideração importante, fica mais claro com reportagens como a entrevista do Intercept Brasil que sugerimos a leitura.

– Não há previsão de quem vai garantir a aplicação de protocolos como uso obrigatório de máscaras, respeito pela lotação de elevadores etc.

– Na proposta da AFBNDES, o respeito à hierarquia no retorno ao trabalho presencial incluía os quadros executivos: superintendentes, chefes de departamento, gerentes, coordenadores. A proposta anunciada considerou todos os empregados comissionados.

Sobre o respeito à hierarquia na recomposição das equipes no presencial, achamos que é o caminho a seguir para atender a dois requisitos: a pressuposição da necessidade do trabalho presencial e o caráter gradual que deve prevalecer no retorno. Como já dissemos, não estamos convencidos da primeira premissa, mas ela está implícita na hipótese de retorno presencial. Faz todo o sentido que os executivos liderem suas equipes no prédio, organizando os que forem chegando, usando sua liderança para garantir procedimentos de segurança, colaborando com o Comitê de Contingência nas condições sanitárias do Edserj.

AJT e a novela do trabalho híbrido

Sobre o AJT também obtivemos avanços. Os limites nesses avanços dão prova, infelizmente, dos limites da razoabilidade da atual administração do BNDES. A proposta da Diretoria contém a renovação do AJT atual até o final de janeiro e o compromisso do Banco de apresentar proposta de trabalho híbrido até três meses após o retorno de 90% dos empregados ao trabalho presencial.

A segunda parte da proposta é difícil de entender. Até agora tem nos parecido impossível de entender. Sem explicações, a proposta faz parecer que a administração se recusa a aceitar a possibilidade de que o atual regime de trabalho remoto possa transitar para um regime de trabalho híbrido. Em contraposição a essa vontade, a implementação do trabalho híbrido pareceu o caminho natural de transição para a saída do trabalho 100% normal. O híbrido é o novo normal. No BNDES, o entendimento é que isso não pode ocorrer sob qualquer circunstância.

No webinário realizado pela administração, nos foi informado que o BNDES precisava de mais tempo para formular uma proposta estruturante de trabalho híbrido. Esse é um pleito razoável, por mais que revele que o Banco desperdiçou o último ano e meio sem fazer o óbvio: pensar numa proposta de trabalho híbrido. Mas dado o erro cometido, entende-se a necessidade de mais tempo. Condicionar o prazo de entrega ao retorno de 90% dos empregados ao presencial, parece puro capricho desprovido de qualquer sentido. 

Como não acreditamos que decisões imotivadas sejam o padrão dos gestores do BNDES, esperamos também que o presidente e sua diretoria possam explicar qual é a razão para a exigência.

A AFBNDES está pronta para aceitar um acordo que estabeleça até fim de janeiro – prazo da validade da extensão provisória do AJT – como prazo para o BNDES apresentar sua proposta de trabalho híbrido num processo de ampla consulta aos empregados.

Um apelo à diretoria e seu presidente: vamos resolver problemas simples e nos concentrar nas tarefas reais que deveriam estar exclusivamente sendo objeto de atenção dos empregados do BNDES. A Casa tem perdido tempo demais em discussões completamente deslocadas das missões do BNDES no meio de uma crise econômica terrível.

Essa queda de braço constante com os técnicos do BNDES possui paralelo sinistro com as crises institucionais produzidas pelo presidente Bolsonaro no nível nacional – que passaram a ser repudiadas por todos os setores da sociedade civil.

De fato, se o país desloca sua atenção, por comando do presidente, para questões sobre voto impresso, quando a fome se alastra, a economia não se recupera e a inflação retorna, numa tolice revoltante, os superintendentes do BNDES e o corpo técnico, por seu lado, ficam incrédulos por gastarem tanto tempo com a imposição de uma agenda completamente arbitrária, imotivada. Qual foi o ganho que o BNDES teve com o desastre da condução do último Acordo Coletivo de Trabalho? Desde junho estamos sob a preocupação dominante desse retorno não explicado. E agora temos uma sinalização de uma queda de braço sobre o AJT. A reivindicação dos técnicos do BNDES é a simples instituição do plano híbrido. Vamos negociar o prazo para ele ser apresentado e fechar o AJT pelo bem do BNDES e do Brasil.

O que encaminhar na Assembleia de hoje:

– Estado de Assembleia permanente;

– Examinar a eventual pertinência de uma ação contra o plano de retorno num futuro próximo; – Encaminhar pontos ainda não absorvidos pela administração no procedimento de retorno.

Associação dos
Funcionários do BNDES

Av. República do Chile, 100 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20031-170

E-mail: afbndes@afbndes.org.br | Telefone: 0800 232 6337

Av. República do Chile 100, subsolo 1, Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20031-917
E-mail: afbndes@afbndes.org.br
Telefone: 0800 232 6337

© 2024. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por: AFBNDES

×