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Empregados reagem a novos golpes contra a imagem do BNDES

E cobram da Diretoria a defesa forte e contundente do corpo funcional benedense e dos critérios utilizados pela instituição para cumprir seu papel de fomentadora do desenvolvimento nacional

Manifestação dos funcionários na manhã de segunda-feira contra declarações de Michel Temer e matéria do Fantástico | Foto: Bernardo Guerreiro

Na última segunda-feira (22), na terceira manifestação no térreo do Edserj desde a manhã do dia 12 de maio, quando houve a injustificada condução coercitiva de empregados do BNDES pela Polícia Federal no âmbito da operação que investiga o apoio financeiro do Banco ao grupo JBS, o corpo funcional benedense mostrou mais uma vez sua indignação. Desta vez, as críticas se dirigiram com mais ênfase ao presidente Michel Temer e ao programa Fantástico, da Rede Globo.

No ato, que durou hora e meia, os empregados questionaram pronunciamento do presidente Michel Temer, feito no sábado passado, segundo o qual a presidente Maria Silvia Bastos Marques, por ele indicada, teria moralizado o BNDES e colocado “ordem na casa”. No sábado mesmo, a AFBNDES rebateu Temer em rede social: “Sobre o pronunciamento de hoje (20), a Associação dos Funcionários do BNDES quer destacar que a presidente do Banco, Maria Silvia Bastos Marques, não poderia ter ‘morali-zado’ o BNDES porque não se ‘moraliza’ uma instituição que, desde a sua fundação, em 1952, sempre atuou com ética, espírito público, excelência e compromisso com o desenvolvimento”.

Na manhã de segunda-feira, o presidente da AF, Thiago Mitidieri, ratificou esta posição: “Quando Temer diz que houve a moralização do BNDES, é preciso perguntar: o que ele está querendo dizer com isso? Não há motivos para que se faça uma moralização no BNDES. E se há alguma instituição no Brasil que necessite ser moralizada, não é o Temer quem tem condições para fazer isto. Até porque na mesma delação em que Joesley Batista, da JBS, diz que não pagou propina para funcionários do Banco, ele afirma que pagou propina para o presidente da República”.

Críticas ao Fantástico – A manifestação de segunda-feira já estava convocada pela AFBNDES quando veio ao ar no domingo à noite, no programa Fantástico, da Rede Globo, reportagem com o objetivo de atacar a imagem do Banco e de seu corpo funcional. De forma leviana, o programa garantiu revelar um novo personagem na “controversa expansão da JBS com incentivos públicos” – em referência a José Cláudio Rego Aranha, ex-chefe na área de mercado de capitais do Banco, hoje aposentado, acusando-o, de forma irresponsável, de “agente duplo, suspeito de favorecer o grupo JBS em negócios milionários”.

Durante o ato de segunda-feira, transmitido ao vivo na página da Associação no Facebook e coberto por jornalistas do Valor Econômico e da Folha de S. Paulo, dirigentes da AFBNDES, do Sindicato dos Bancários do Rio e inúmeros empregados do Banco se revezaram ao microfone, cobrando posição firme da atual administração do Sistema BNDES na defesa da instituição e de seus funcionários, “que são os mais interessados em que se esclareça tudo, porque é o nome deles que está sendo jogado na lama”, como disse Mitidieri. Os funcionários insistiram, inclusive, que o Banco deveria exigir direito de resposta à emissora dos irmãos Marinho.

Na fala que abriu a manifestação, o presidente da AFBNDES bateu forte na reportagem do Fantástico: “Aquilo foi um absurdo. A Rede Globo foi na casa do Aranha sem se identificar, começou a fazer um monte de perguntas e depois fez aquela edição, colocando o colega, que é conselheiro de uma empresa por indicação do BNDES, como agente duplo. Pelo amor de Deus! Quantos funcionários do BNDES são conselheiros de empresas por indicação do Banco? Então todos esses colegas são agentes duplos por conta disso? Por que não foi apresentada alguma prova que incriminasse o Aranha? Não foi dito nada que desabonasse a conduta dele. Não se pode pegar uma pessoa, criminalizá-la e colocar seu nome e sua imagem numa rede de televisão da forma como foi feito. Todo mundo aqui tem que se colocar no lugar do colega e refletir: isso podia ter acontecido comigo!”

Cobrança à direção do BNDES – Thiago Mitidieri, entre outros empregados, cobrou da direção do BNDES uma posição firme e contundente em defesa do Banco e dos empregados – e com a maior transparência possível: “Onde estão os esclarecimentos sobre a operação JBS? Nós já perguntamos à atual Diretoria do Banco sobre a legalidade da operação. E a resposta foi de que não houve nada ilegal. Então a Diretoria precisa vir a público esclarecer isto. É o nosso nome que está sendo jogado na lama, a nossa reputação, a nossa imagem”.

Para o presidente da Associação, também é necessário esclarecer a política de conselheiros indicados pelo BNDES: “É preciso mostrar que não foi feito nada de ilegal, que tudo estava dentro das normas, com o conhecimento da CVM, do Banco Central e de órgãos reguladores. Tudo isso precisa ser feito de forma transparente. Que história é essa de agente duplo?”. Mitidieri chamou atenção para a necessidade de informações sobre a operação da JBS: “A gente sabe que a Diretoria criou um comitê de crise e uma comissão de apuração interna, mas tudo precisa ser feito com urgência. É preciso dar explicações ao público interno e à sociedade”.

Outra coisa que precisa ser esclarecida – segundo o dirigente da Associação – é o seguinte: “Na delação do Joesley, ele fala que conversou com Temer para que ele interviesse junto à Maria Silvia para poder aprovar a reorganização societária da JBS. Nós sabemos que o BNDES não aceitou isso. Sabemos que o corpo funcional foi contra essa proposta. Agora, o que a presidente do BNDES tem a dizer a respeito? O nome dela é que foi citado”.

Esclarecimentos necessários – Para o 1º vice-presidente da AFBNDES, José Eduardo Pessoa de Andrade, vivemos uma crise muito séria que pode desembocar na saída do presidente da República. “E nós, queiramos ou não, estamos envolvidos nessa crise política, com o presidente desqualificando, de forma inaceitável, uma das instituições mais importantes do Estado brasileiro, que é o BNDES”. José Eduardo avalia que é preciso agir com firmeza e inteligência: “É necessário, desta forma, que haja um esclarecimento interno sobre a operação da JBS para que a gente possa defender a lisura da nossa instituição com conhecimento de causa. Nós sabemos, mas a população não sabe, que nossas decisões são tomadas de forma coletiva, que há um trabalho técnico envolvido, que existem normas para enquadramento, que os relatórios são feitos por equipes de técnicos, que há uma hierarquia de decisões de órgãos colegiados etc. Então, nós precisamos cobrar da Administração uma apresentação sobre a operação da JBS. E que nessa apresentação se abra espaço para nossos questionamentos, para as nossas dúvidas diante de tudo o que vem sendo veiculado sobre o tema”.

O vice-presidente considera fundamental, ainda, que tal esclarecimento também seja dirigido à imprensa, de forma a combater coisas que têm sido divulgadas de forma irresponsável, ilegítima e mentirosa.

Abraço de afogado – Segundo Arthur Koblitz, 2º vice-presidente da AFBNDES, nós assistimos, no último sábado, à presidente Maria Sílvia receber o abraço do maior afogado do Brasil: “Quem gostaria aqui de ter sido citado no pronunciamento do presidente Temer? Ela foi lembrada como uma pessoa que está tentando ‘moralizar’ o BNDES. Poderia ter sido só azar, mas há, no meu modo de ver, um padrão nesse discurso. Na primeira vez em que surgiram notícias de que a presidente poderia perder o cargo no Banco, ela foi defendida pelo site O Antagonista, que decretou: ‘A presidente Maria Silvia é honesta demais para o BNDES’. Há alguns dias, quando estávamos envolvidos no episódio da condução coercitiva de empregados do Banco para depor na Polícia Federal, o ministro Meirelles afirmou: ‘A Maria Silvia não pode ser envolvida em coisas que aconteceram antes de sua gestão no BNDES’. E agora a gente vê O Globo informar que ‘essas regras absurdas’ de nomeação para os conselhos de administração das empresas valiam antes da atual gestão do BNDES. Esta gestão, portanto, estaria ‘moralizando’ o Banco… Eu vejo um padrão nisso. Não acho que seja uma coisa aleatória”.

Segundo Koblitz, internamente há um discurso semelhante. “Desde que assumimos e começaram os ataques de ministros do TCU ao BNDES, procuramos a Diretoria e cobramos: queremos uma reação forte. Nos foi dito que isto não era possível porque o TCU era um órgão sensível a manifestações muito contundentes. Um ano depois, o que ocorreu? Nossos colegas foram conduzidos coercitivamente. Essa estratégia funcionou? Está funcionando? Fica, cada vez mais claro, que eles não irão nos defender. Nós estamos revoltados com tudo isto. Nós estamos indignados. E nós queremos uma Diretoria que expresse esta revolta, esta indignação. Só assim poderemos enfrentar uma onda claramente política levantada contra o BNDES”, afirmou.

Segundo ele, a atual direção da AFBNDES não foi eleita para fazer oposição à gestão da presidente Maria Silvia. “Nós fomos eleitos durante a gestão Luciano Coutinho. E nós achávamos que havia muita coisa problemática no Banco. Não coisas ilegais, não essas corrupções que estão insinuando. A gente achava que tinha muita coisa para mudar. Faltava engajamento, debate de ideias e a gente queria trabalhar para promover isto. Não temos mandato algum para defender Luciano Coutinho ou o governo do PT, porque não é isto o que está em questão. O que está em jogo é esta instituição. E tudo está relacionado: a defesa ética do Banco, a defesa da TJLP e a crítica à devolução dos R$ 100 bi. Temos que lutar pelo Banco em todas essas frentes”, defendeu.

“Tem gente que acusa esta luta de ser corporativista, mas isto não é verdade, porque as pessoas que estão aqui não estão preocupadas com seus cargos. Quem está aqui está movido por uma coisa maior, está movido por um ideal, porque estabeleceu uma relação mais profunda com esta instituição. É isto o que nos une, é isto o que nos move”.

Associação dos
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