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AFBNDES 70 anos: Lembrando o passado com os olhos no futuro

De entidade com cunho assistencialista e recreativo, a AFBNDES tornou-se, ao longo dos anos, um importante instrumento de defesa dos interesses do corpo funcional benedense

A primeira sala da AFBNDES

VÍNCULO 1602 – A AFBNDES foi fundada em 14 de julho de 1954, pouco mais de dois anos depois da criação do BNDES. Inicialmente, a entidade se dedicava à promoção de atividades de lazer e à prestação de alguns serviços à comunidade benedense, como empréstimo financeiro. Em 30 de junho de 1954, 25 funcionários participaram da primeira assembleia para discutir e aprovar o Estatuto da Associação. Outras duas assembleias foram realizadas nos dias 14 e 15 de julho, para eleger e empossar os integrantes dos três órgãos que comporiam a estrutura da entidade: a Diretoria, o Conselho Fiscal e o Conselho Deliberativo. O primeiro presidente da AF foi Gabriel Paes de Carvalho, eleito pelo voto de 249 associados. Em agosto do mesmo ano, o Banco cedeu uma sala no Edifício Emda, localizado na Rua Sete de Setembro nº 48, no Centro do Rio, para abrigar a sede administrativa da Associação.

A primeira festa promovida pela AFBNDES aconteceu em 29 de outubro de 1954. Ao som da Orquestra Chuca-Chuca, que recebeu sete mil cruzeiros por quatro horas de show, a AF conseguiu atrair mais de cem pessoas ao salão do Clube Piraquê, com muito frevo e o mergulho inusitado de um associado nas águas ainda não poluídas da Lagoa Rodrigo de Freitas. Entre os primeiros serviços oferecidos aos associados, havia o financiamento de automóvel – que deu origem à carteira de consórcios da Associação, que esteve ativa até 2018.

Passeata contra a extinção do BNH, em 1986

Sede própria – Em 1966, o Banco se transferiu para a Av. Rio Branco 53. No ano seguinte, a Associação passou a ocupar algumas salas no 23º andar do mesmo prédio. Naquela época, o espaço destinado à entidade variava de acordo com a simpatia ou a antipatia que seus dirigentes despertavam na Administração do BNDES. Em meados dos anos 1960, a AF se viu reduzida a apenas duas saletas porque não aceitou ser utilizada na punição de funcionários. O Banco pretendia que a Associação só concedesse benefícios a associados cujas fichas funcionais fossem consideradas “limpas” – isto é, livres de faltas, licenças para tratamento de saúde ou punições disciplinares. Isso motivou a AF a buscar um espaço próprio. A solução para o problema só veio em julho de 1973, na gestão de Octávio Madruga, quando foi adquirido um conjunto de salas no nº 52 da Rua Teófilo Otoni. Com uma área total de 304 m2, a Associação passou a ocupar um andar inteiro no edifício e assim pôde oferecer, com autonomia, mais conforto aos associados.

Além das salas na Rua Teófilo Otoni, a Associação esteve presente em outros endereços do Centro do Rio: Av. Rio Branco 120, Rua Buenos Aires 100, Av. Almirante Barroso 91, Rua Senador Dantas 117 e, por fim, Av. Chile 100, no Edifício de Serviços do BNDES no Rio de Janeiro (Edserj) – no mezanino, até a pandemia de Covid-19, e desde 2021 no subsolo 1.

Boa lembrança temos da sede na Av. Rio Branco 120, na galeria da Associação dos Empregados do Comércio (AEC), onde existia o Botequim da AF, inaugurado em 1983. Pendurado no 12º andar do edifício, era um boteco especial, perfeito para a confraternização dos associados e seus convidados. Lugar de boa música, aulas de dança, exposições de artes plásticas, mostras de fotografia, sessões de cinema, cerveja sempre gelada e barata e conversas intermináveis que varavam a noite.

AFBNDES na Campanha das Diretas Já, em 1984

O patrimônio imobiliário da AFBNDES, de cunho mais recreativo, começou a ser formado em 1964, na gestão de Américo José Ferreira, com a aquisição da Colônia de Férias de Itaipava, no município de Petrópolis. Em 1974, sob o comando de Jairo Goulart, a AF, valendo-se de financiamento do Banco, comprou ampla área na Barra da Tijuca para nela erguer sua sede social: o Clube da Barra – projetado pelo arquiteto benedense Manoel Siqueira Marques e inaugurado em 1977. À época, a Associação também administrava o restaurante que funcionava na Av. Rio Branco 53, então sede do BNDES. Nos anos 80, já no Edserj, o restaurante foi extinto e o Banco passou a oferecer tíquete-refeição.

Salto qualitativo – De uma entidade com cunho assistencialista e recreativo, a AFBNDES soube fazer – no final dos anos 1970, início da década de 80 – a transição para um órgão de defesa dos interesses do corpo funcional benedense. E este caminho começou a ser trilhado quando uma preocupação passou a fazer parte do dia-a-dia da Associação: a defesa dos direitos adquiridos dos funcionários do BNDES, que na época sofriam ameaças de corte em função de forte campanha contra as empresas estatais, bode expiatório utilizado pelo governo em meio à grave crise econômica brasileira.

Os funcionários oriundos dos concursos públicos realizados em 1974 e 1975 trouxeram sangue novo à instituição e, apesar das boas condições de remuneração e trabalho que o então BNDE proporcionava, havia o entendimento de que não interessava um país desenvolvido apenas para uns poucos brasileiros. Na Associação, os empregados começaram a definir formas de luta em defesa de seus interesses no interior do Banco e a se organizarem para participar de ações articuladas com outras entidades do movimento social, como sindicatos e associações de classe.

Ato em defesa das empresas públicas e da soberania nacional, em 2017

Trajetória de lutas – E a AFBNDES mostrou que, mesmo mantendo seu papel original, também podia ser uma entidade de luta. E foram diversos os movimentos vividos com intensidade a partir daqueles anos: conquista do reembolso de despesas com creche para mães e pais empregados; apoio aos contínuos na busca de ascensão funcional; pleitos de equiparação funcional (QFP/QPP); participação no Movimento das Estatais; defesa do ingresso de empregados no Banco apenas por concurso público; presença no movimento das “Diretas Já” e na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT); luta contra as diferenciações salariais causadas pelo Decreto 2.100; negociação e assinatura do primeiro Acordo Coletivo de Trabalho no BNDES, em 1985; participação nas manifestações contra os pacotes econômicos da era Sarney (com futuro Acordo Coletivo para o pagamento de perdas provocadas pelo Plano Bresser); negociação de Acordo histórico para o pagamento do passivo das horas extras pré-contratadas; presença no Movimento Constituinte Cidadã; filiação dos benedenses ao Sindicato dos Bancários em 1989; ações em defesa do patrimônio da FAPES; luta contra as demissões no governo Collor e apoio aos futuros anistiados; defesa do BNDES como órgão de fomento nacional; luta contra o arrocho salarial nos anos 1990; conquista do pagamento da Participação nos Resultados no Sistema BNDES em 1996; aprovação de Acordo de Jornada de Trabalho a partir de 2004; apoio aos novos empregados PECS em seus pleitos contra as diferenciações entre os quadros funcionais da instituição e pela equalização das curvas salariais do PUCS e do PECS; luta pelo Quadro Único; e, por fim, pela implantação do GEP Carreira – o que acabou não acontecendo, trazendo grande frustração ao corpo funcional benedense, assim como ainda traz forte desapontamento a não resolução dos problemas enfrentados pelos colegas “porta-joias”.

Concentração no auditório contra conduções coercitivas, em 2017

Defendendo o BNDES – Nos últimos anos, de ataques abertos ao BNDES e ao seu corpo funcional, com comissões parlamentares de inquérito e o mito falacioso da “caixa-preta”, a Associação esteve na linha de frente contra ações que buscaram o esvaziamento da instituição como agente do desenvolvimento nacional. Devem ser destacados: (1) a mudança da taxa de referência dos financiamentos do Banco (a extinção da TJLP e a criação da TLP) que, junto com a liquidação antecipada dos empréstimos do Tesouro, fez parte de uma política de desmonte da instituição, impactando sua capacidade de estimular a economia; (2) a Operação Bullish e as conduções coercitivas de maio de 2017, o que levou à luta da AFBNDES, por anos, em defesa dos colegas benedenses e do próprio BNDES; (3) os ataques do governo federal ao Fundo Amazônia e à governança do BNDES; (4) a tentativa de retirada dos recursos do FAT do BNDES para cobrir déficits da Previdência, o que privaria a instituição da sua fonte mais estável e segura de recursos; e (5) as iniciativas do governo objetivando acabar com a BNDESPAR e vender sua participação acionária de forma danosa ao patrimônio público, com novo ataque à governança da instituição.

Também houve a luta contra a Resolução 23 da CGPAR, por conta dos malefícios que trazia aos planos de saúde dos empregados de empresas públicas/estatais; a defesa do plano de saúde no modelo de autogestão; a reestruturação do Plano de Previdência Complementar, com a manutenção do Benefício Definido (BD); a luta pela continuidade da proteção contra demissões arbitrárias ou sem justa causa no Banco; e o combate sem tréguas ao sistema de pontos e ao uso da “curva forçada” como método de gestão dos recursos humanos na instituição – entre outras batalhas.

Hoje, já trilhando o caminho dos próximos 70 anos, a septuagenária AFBNDES renova seu compromisso e sua vocação de servir como porta-voz dos empregados e dos aposentados do BNDES, representando-os de forma firme e independente como e quando necessário.

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