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Direitos para PcDs e neurodivergentes no foco da Campanha dos Bancários

VÍNCULO 1603 – A inclusão, com garantia de ascensão, às pessoas com deficiência (PCDs) no setor bancário foi o tema que abriu a mesa de negociações sobre “Saúde e Condições de Trabalho”, realizada nesta quinta-feira (18), entre o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (CN Fenaban), no âmbito da campanha nacional da categoria para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Segundo levantamento do Dieese, considerando todos os cargos da categoria bancária, os PCDs representam apenas 4%. Nos cargos de liderança, esse percentual é ainda menor: apenas 2%.

“Nossa reivindicação é pela garantia não apenas do acesso ao emprego no setor, mas de ascensão, com o combate ao capacitismo (preconceito contra as pessoas com deficiência) para que esse grupo tenha igualdade de oportunidade nos processos de ascensão de carreira. E isso inclui a garantia de suportes específicos, conforme a condição da pessoa com deficiência, para que ela consiga desempenhar suas atividades”, destacou o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga.

A funcionária do Banco do Brasil, secretária da Juventude da Contraf-CUT e também mãe de uma adolescente PCD, Bianca Garbelini, ressaltou a reivindicação para que mães e pais de pessoas com deficiência tenham a redução de jornada para acompanhamento médico e educacional dos filhos. “Podemos pensar ainda na priorização para o teletrabalho, não só para os pais e mães de PCDs, mas também aos bancários e bancárias com deficiência”, complementou.

Outra reivindicação da categoria apresentada na mesa é o abono de faltas aos trabalhadores com deficiência, considerando que, muitas vezes, precisam se ausentar do trabalho para ajustes técnicos de equipamentos e próteses ou realização de terapias específicas, conforme a condição da deficiência.

A coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidente do Sindicato de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), Neiva Ribeiro, ressaltou que as reivindicações para os trabalhadores com deficiência reforçam reivindicações da mesa anterior, sobre Igualdade de Oportunidades, sobretudo na questão das mães de PCDs.

“São reivindicações que se cruzam, porque sabemos que a responsabilidade de cuidado recai mais sobre as mulheres. Além disso, a mulher com deficiência tem mais dificuldade de acessar o mercado de trabalho. O levantamento do Dieese, por exemplo, revela que do total de PCDs na categoria 44% são mulheres e 56% homens”, completou.

Também com base nos dados do Dieese, Neiva destacou que os PCDs bancários têm remuneração média 37,6% inferior à remuneração média das pessoas sem deficiência. Se for mulher negra PCD, a remuneração média é 48% inferior a remuneração média geral da categoria.

A presidente da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), Adriana Nalesso, reforçou a necessidade de os bancos reposicionarem o olhar sobre PCDs, não apenas para cumprir o Decreto Federal (nº 3.298, de 1999), que determina que empresas com mais de 100 funcionários destinem, obrigatoriamente, de 2% a 5% do seu quadro para profissionais com deficiência, “mas também para valorizar as potencialidades desse grupo, e oferecer o que necessitam para que permaneçam e ascendam na carreira”.

O secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, falou sobre os casos de capacitismo sofridos por bancários PCDs. “Além de equipamentos necessários, conforme a condição de cada um, é preciso conscientização dos gestores, para não haver mais a discriminação”, completou.

Neurodivergentes

Os trabalhadores também destacaram a questão dos neurodivergentes, pessoas com diferenças neurológicas variáveis e que podem ou não ser deficientes. “Sou uma pessoa neurodivergente, TDAH, que não é uma deficiência. O que observamos é que um funcionário neurodivergente não pode ter medo de ser quem ele é. Tem que ter segurança e abertura para conversar com o gestor sobre as adaptações que necessita, sem medo de sofrer retaliação”, observou Bianca Garbelini.

Ainda na questão da neurodivergência, foi ressaltado um cuidado especial às pessoas do espectro autista, que são consideradas com deficiência. “Muitas empresas não estão preparadas para lidar com pessoas autistas, apesar de terem alto desempenho no trabalho, quando respeitadas suas peculiaridades”, explicou Mauro Salles.

Além da inclusão de cláusulas sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e redução da jornada para acompanhamento médico e educacional de pais com filhos PCDs, sem redução salarial, os trabalhadores reivindicam na Convenção Coletiva de Trabalho:

– Adequação do ambiente de trabalho segundo a natureza e grau de deficiência do empregado;

– A vedação de transferência de PCDs, salvo por pedido do trabalhador;

– A constituição de uma comissão bipartite (indicados pela Contraf e Fenaban) para deliberar sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e sobre políticas de inclusão;

– Inclusão e capacitação de pessoas com deficiência;

– Financiamento de veículos para empregado com deficiência;

– Estacionamento exclusivo para empregados com deficiência;

– Abono de faltas aos trabalhadores com deficiência; e- Aumento de auxílio para pais com filhos com deficiência.

Os representantes da Fenaban reconheceram que ainda há muita desinformação sobre o tema, em especial na questão dos neurodivergentes, e disseram que vão levar as demandas da categoria aos bancos, para construir respostas às reivindicações.

Calendário de reuniões

Julho: 26 – Saúde e condições de trabalho, incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas.

Agosto: dias 6 e 13 – Cláusulas econômicas; dias 20 e 27 – ainda sem definição.

Fonte: Contraf-CUT

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