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Bancários exigem fim de gestão adoecedora nos bancos

VÍNCULO 1604 – Bancários e bancárias realizaram ontem (24) o “Dia Nacional de Luta #MenosMetasMaisSaúde”, com ações nas redes sociais, nas ruas e agências contra modelos de gestão dos bancos que têm determinado condições de trabalho adoecedoras.

As manifestações aconteceram um dia antes da quarta rodada de negociação da Campanha Nacional 2024, realizada hoje (25), entre o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão de Negociações da Fenaban, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A pauta do encontro concentrou-se em temas ligados à saúde e às condições de trabalho, com foco na política de metas praticadas pelas empresas.

“Temos dados alarmantes que mostram que as doenças mentais e comportamentais lideram os motivos por afastamentos previdenciários na categoria”, destaca o secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles, fazendo referência a um levantamento do Dieese, com base em dados do INSS e da RAIS, que mostram que a categoria bancária foi responsável por 25% de todos afastamentos acidentários e por 4,3% de todos os afastamentos previdenciários relacionados à saúde mental e comportamental, em 2022.

“Nós temos dois trabalhos que apontam que as razões para esse quadro são a cobrança excessiva pelo cumprimento de metas e o modelo de gestão praticado pelos bancos, em nome do lucro e da produtividade”, completa Salles.

O primeiro trabalho a que se refere é a “Pesquisa Nacional da Contraf-CUT: modelos de gestão e patologias do trabalho bancário”, feita em parceria com o Instituto de Pesquisa e Estudos sobre Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), e divulgada em maio deste ano. Entre os resultados do levantamento feito com mais de 5.800 bancários estão:

76,5% relataram terem tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano.

40,2% dos respondentes estavam em acompanhamento psiquiátrico no momento da pesquisa.

54,5% indicaram o trabalho como principal motivo para buscar tratamento médico.

O segundo trabalho que Salles destaca é a Consulta Nacional dos Bancários, feita neste ano, em todo o país, com quase 47 mil trabalhadoras e trabalhadores da categoria.

Quando perguntados sobre os impactos das cobranças excessivas pelo cumprimento de metas, podendo escolher mais de uma opção, as principais respostas foram:

67%: preocupação constante com o trabalho.

60%: cansaço e fadiga constante.

53%: desmotivação e sem vontade para ir trabalhar.

47%: crises de ansiedade e pânico.

39%: dificuldade de dormir, mesmo nos finais de semana.

A coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, ressalta que é obrigação dos bancos o estabelecimento de um ambiente de trabalho saudável e sustentável. “A saúde mental é uma prioridade e não pode continuar sendo sacrificada em nome de lucros. Só em 2023, os cinco maiores bancos do país lucraram R$ 108,6 bilhões. Mas, apesar do montante, nesse mesmo ano fecharam mais de 600 agências e demitiram mais de 2 mil funcionários. É uma lógica predatória, que visa o máximo de lucro, reduzindo o quadro de trabalhadores e sobrecarregando os que seguem contratados e que se submetem à gestão adoecedora, com medo de perderem seus empregos”, pontua.

Depoimento das redes 

Antes de começar a mesa desta quinta-feira (25), a Contraf-CUT abriu uma caixa de perguntas, no Instagram, pedindo depoimentos de bancários e bancárias de como suas vidas são afetadas pela gestão dos bancos, baseada em metas exageradas. Em menos de 14 horas, quase 100 pessoas desabafaram. Algumas das respostas a seguir: 

“Afeta ao ponto de tomar medicação para ir trabalhar e para conseguir dormir”
“Estou afastado com Síndrome de Burnout. Não posso ouvir a voz do meu gerente”
“O meu trabalho é cronometrado. Além de ser cobrado por metas, sou por tempo. É angustiante!”
“Tô achando lindo este semestre, maioria das agências não está nem perto de entregar, tiro no pé”.
“Ansiedade. Vc acha que está dando conta, atualiza o sistema e tem mais do que sua jornada comporta”
“Afeta minha casa, meu relacionamento e minha vida social”
“Celular, teams, reuniões online o tempo todo, telefone, clientes na agência… e muita cobrança” 
“Do jeito certo, ético e legal, ninguém bate todas as metas”
“Cobrança via whatsapp até no final de semana”
“Passei 30 dias afastado devido às cobranças exageradas no mercado saturado” 

Reivindicações 

As reivindicações dos trabalhadores sobre o tema se concentraram em quatro eixos:
– Definição de metas e política de gestão na aplicação das metas, para que não sejam conduzidas de forma abusiva e que a elaboração dos programas conte com a participação dos trabalhadores.

Neste ponto, Juvandia lembrou que, na campanha passada, em mesa sobre o tema, consultoria contratada pelos próprios bancos identificou problemas com o prazo de metas.

“Esse problema continua. Cobramos nesta mesa que os prazos sejam razoáveis e respeitados. Notificamos casos em que, apesar de serem estabelecidas metas, por exemplo, semestrais, as mesmas viram mensais ou até quinzenais, sobrecarregando os trabalhadores e essa sobrecarga tem relação direta com a saúde mental”, pontuou. “O Santander é um exemplo disso, e quer que o trabalhador atinja a meta do mês até o 15º dia”, completou.

– Combate ao assédio moral. Os trabalhadores registraram que os acontecimentos desse tipo de violência estão atrelados ao primeiro ponto, por conta da pressão de gestores para que as equipes alcancem as metas. O comando registrou também a importância de os bancos cumprirem a cláusula 61, conquista dos trabalhadores na CCT e que prevê o combate ao assédio moral.

“Queremos a melhoria do texto da cláusula 61, para que que haja a participação dos sindicatos na apuração dos casos e a criação de canais específicos que recebam as denúncias de assédio, protegendo e acolhendo a vítima de maneira humanizada, com a apuração adequada de cada caso e com sigilo absoluto dos denunciantes”, destacou o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles. 

 Fluxo humanizado para o atendimento de trabalhadores e trabalhadoras que, em decorrência de doenças, precisam acionar o INSS para afastamento.

“A nossa reivindicação é que os trabalhadores não tenham perdas salariais, quando precisarem se afastar pelo INSS. Também que os bancos não dificultem os procedimentos técnicos necessários para esse afastamento e, por fim, que quando esses trabalhadores retornarem às atividades, não sejam discriminados e não sejam perseguidos. Pois é um momento de fragilidade e, não havendo acolhimento adequado, o adoecimento poderá ser aprofundado”, resumiu Mauro Salles.

Um exemplo apresentado foi o caso do Itaú, como um banco que está comprando a estabilidade do trabalhador adoecido. Ao invés de acolher e ajudá-lo no processo de recuperação, está oferecendo dinheiro para que o trabalhador deixe a empresa. “É uma maneira de se livrar desse bancário”, completou Salles. 

– Direito à desconexão. Os trabalhadores também reivindicaram o cumprimento de cláusula que assegura o direito de não terem que participar de reuniões e de não receberem qualquer tipo de mensagem de trabalho após o horário laboral. “O direito à desconexão também está atrelado à questão de saúde mental”, complementou Juvandia. 

Calendário de reuniões

Agosto: dias 6 e 13 – Cláusulas econômicas; dias 20 e 27 – ainda sem definição.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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