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AFBNDES 70 anos: evento reúne histórias da Associação ao longo da sua trajetória

Fotos: Bárbara Becker

Bate-papo contou com a participação de ex-presidentes da entidade e associados que também fizeram história na vida da Associação

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, esteve presente no coquetel oferecido pela AF no saguão do Auditório Reginaldo Treiger

VÍNCULO 1607 – Foi realizada na tarde da última segunda-feira (12), no Auditório Reginaldo Treiger, um evento em comemoração ao aniversário de 70 anos da AFBNDES. O presidente Jorge Fernando Schettini comandou delicioso bate-papo com ex-presidentes da entidade – Antônio Saraiva e Arthur Koblitz – e três associados que também fizeram história na vida da Associação: Luiz Borges, Melvyn Cohen e Paulo Altomar.

O evento contou com transmissão ao vivo pelo canal da AFBNDES no YouTube.

Antônio Saraiva foi o presidente que esteve por maior período à frente da Associação: 1988 a 1992, 1998 a 2004 e 2006 a 2008. Arthur Koblitz também ficou bom tempo no comando da AF: 2019 a 2024. Os ex-presidentes Thiago Mitidieri (2016 a 2019), Fabricio Carvalho (2014 a 2016) e Mauro Bottino (2012 a 2014) confirmaram presença, mas não puderam comparecer. O ex-presidente Sergio de Paula (1992 a 1996) chegou atrasado ao evento, mas participou do coquetel.

“Quem pode contar menos histórias da Associação é a atual diretoria, que acabou de chegar”, disse Jorge Schettini em sua fala inicial, na expectativa de ouvir muitas boas histórias dos convidados. Segundo o presidente da AF, datas comemorativas são momentos de agradecimento, e ele fez questão de agradecer a todos os empregados da sede administrativa, do Clube da Barra e da Pousada em Itaipava.  Schettini também registrou o papel dos conselhos Deliberativo e Fiscal, “que organicamente cobram e fiscalizam a diretoria da entidade”.

Para Schettini é essencial que os empregados e ex-empregados do Banco percebam na AF um lugar de acolhimento e luta – “e que se associem cada vez mais”. “Para o fortalecimento da AFBNDES, é fundamental que as divergências sejam tratadas de forma democrática. Às vezes nem são divergências pra valer, mas apenas diferenças de encaminhamento. Aí é hora da conversa, a AF tem que ser um lugar de muita conversa e união. E união também com todas as entidades que representam o caráter associativo de ativos e aposentados. Nossa entidade não é uma associação apenas de colegas ativos”, disse.

“Não há presente sem o passado na construção da nossa história. E não há caminho fora da democracia. Desprezar todas as lutas desses 70 anos seria imaginar que somos pessoas desprezando os próprios pais, mães, avós. Aqui na Associação somos o passado, o presente e o futuro – tudo junto e misturado!”, ressaltou o presidente, que lembrou de música cantada por Caetano Veloso e Maria Bethânia sobre o tema.

Ao chamar os convidados a falar, Schettini perguntou sobre recompensa no período em que estiveram no comando da Associação, assim como dificuldades e desafios. O presidente também quis saber dos integrantes da mesa qual o maior legado da AF em sua longa história, bem como sobre o  papel da entidade na defesa do BNDES, como indutor da economia e do desenvolvimento nacional, e do corpo funcional benedense. Por fim, buscou dos convidados fatos curiosos que marcaram suas trajetórias na AFBNDES.

A participação dos convidados

Antônio Saraiva disse que a Associação faz parte da sua existência, onde teve “uma grande experiência de vida”. Lembrou que na presidência sempre buscou ter uma boa convivência com os associados, com as outras associações e com os empregados da entidade. Disse que tem três famílias: a família propriamente dita, a família BNDES, que inclui o Banco, suas subsidiárias e as associações, e a família Uerj, onde deu aulas por 35 anos.

Arthur Koblitz iniciou sua fala também afirmando que a AFBNDES faz parte, de forma destacada, da sua existência. Ressaltou que depois de Saraiva é o presidente com mais anos na presidência da Associação. O ex-presidente lembrou de como ele e Thiago Mitidieri iniciaram sua atuação na AF, muito por conta da realização de seminários, uma vez que sentiam falta de debate na Casa. “Só que a gente foi eleito num momento histórico muito especial, exatamente na época do impeachment da presidente Dilma Rousseff, com Luciano Coutinho ainda presidente do Banco. Mas quando a gente assumiu o mandato, já era um mundo totalmente diferente [com Michel Temer na Presidência da República e Maria Silvia no comando do BNDES]”.

Arthur lembrou o período severo de ataques ao Banco, ainda no governo Temer. “O BNDES era um dos principais alvos do movimento que havia levado ao impeachment da presidente. E a hierarquia do Banco não estava pronta para aquele enfrentamento”. O ex-presidente recordou, ainda, que muitos achavam que o empresariado de São Paulo não deixaria aqueles ataques prosperarem. “E o que ficou claro para a gente, e para o conjunto dos empregados, é que se a gente não fizesse nada, ninguém iria fazer. Nós fazíamos parte de um grupo de empregados e aposentados que não aceitava assistir àquele espetáculo sem reagir. O Banco tinha problemas, mas tinha um currículo em defesa do país”. Segundo o ex-presidente, a maior satisfação e a maior dificuldade andaram juntas: “A AFBNDES me permitiu não ficar parado num momento em que eu sentia que não só como funcionário do Banco, mas também como brasileiro, tinha que fazer alguma coisa”.

Luiz Borges também falou da importância dos empregados da Associação para a trajetória da entidade, parabenizando-os pelo profissionalismo, seriedade e dedicação. “Eu também tenho uma família na AFBNDES. Tenho quase 50 anos na Associação. Se a minha primeira camisa sempre foi o BNDES, a minha segunda camisa é a AFBNDES”. Borges lembrou das lutas travadas pela AF desde a democratização do país e em defesa dos direitos dos funcionários do Banco, e destacou que o grande momento da entidade na sua história é “hoje e agora”, na permanente resistência contra ataques ao BNDES, à FAPES e ao “nosso fundo de pensão”, de forma organizada e profissional.

Como membro da diretoria da UnidasPrev, Borges informou sobre a luta pela isenção de tributação de renda para os fundos de previdência complementar fechada e sobre sua indicação para a Comissão de Fomento das Entidades de Previdência Complementar Fechada, no âmbito da Previc. Por fim, Borges destacou que o legado da AFBNDES é passar para os novos funcionários do BNDES, originários do próximo concurso público, “a nossa memória, as nossas vitórias e a nossa cultura”.

“A AFBNDES é a minha vida”, disse Paulo Altomar, conselheiro deliberativo da Associação, quando perguntado sobre a recompensa pelos anos dedicados à entidade. Altomar enfatizou dois períodos em que a atuação da AF foi fundamental: durante o governo Collor, “quando houve um verdadeiro massacre dos funcionários, com demissões – feridas que até hoje a gente não conseguiu curar, e esse período nefasto que terminou em 2022”. Paulo integrava a direção da AF nesses dois momentos: em 1990, como diretor em uma das gestões de Antônio Saraiva, e durante o governo Bolsonaro, como conselheiro deliberativo. “A AFBNDES enfrentou as demissões no governo Collor com galhardia, conseguimos unir o corpo funcional e fizemos uma greve histórica por dois dias”. O conselheiro também lembrou a participação da Associação no movimento pelas Diretas Já, em 1984, e o primeiro Acordo Coletivo de Trabalho no BNDES, negociado em 1985 e assinado em 1986, na gestão de Sandra de Souza. “Eu, felizmente, estou sempre presente na Associação nesses momentos históricos”.

Paulo Altomar também agradeceu a colaboração dos funcionários da AF e fez uma homenagem aos ex-presidentes que não puderam comparecer ao evento, lembrando especialmente de Costa e Silva e Ivo Galvão, que liderou a Associação na transição de órgão recreativo para uma entidade de luta e de defesa dos interesses do corpo funcional benedense, no início dos anos 1980. Por fim, o conselheiro destacou sua participação, como vice-presidente, na gestão de Kallás Roberto Kallás, de 2004 a 2006.      

Melvyn Afonso Cohen iniciou sua fala dizendo que se sentia como o personagem de Tom Hanks no filme Forrest Gump – presente em muitas gestões, na diretoria ou no CD, e testemunha de muitas histórias contatas pelos demais integrantes da mesa. O conselheiro deliberativo lembrou de uma concorrida assembleia da AFBNDES no Circo Voador, no final dos anos 1980, relativa a uma mudança no Plano de Cargos e Salários do BNDES, quando falou em público (pela primeira vez) a favor de uma das propostas debatidas, também defendida pela Associação, que acabou sendo vitoriosa por ampla maioria. Votação expressiva que não resistiu a algumas vantagens oferecidas pelo RH, posteriormente, para quem concordasse com a reestruturação pretendida. “Aqueles 80% que votaram contra desapareceram. E eu me perguntava: Cadê aquele pessoal que negou a proposta, que estava indignado?”.  

Para Melvyn, a representatividade que deve ser destacada é a da AFBNDES, com seus 70 anos de história: “A gente se pergunta porque essa representatividade não é valorizada. Completar 70 anos não ocorre em qualquer entidade. E esta representatividade parece pouco prestigiada”.     

Curiosidades – Perguntados pelo presidente Jorge Schettini sobre curiosidades no período em que participaram ativamente da vida da Associação, os convidados falaram de algumas passagens interessantes. Antônio Saraiva contou que durante o governo Collor a AF passou por momento financeiro complicado, em função do corte da contribuição do Banco para a entidade. Foi quando surgiu uma proposta do Botafogo, que tinha como presidente Emil Pinheiro, de fazer a troca do Clube da Barra por três andares e sete vagas de garagem de um prédio no Centro do Rio. Todos os associados também virariam sócios remidos do clube alvinegro. “Como eu era botafoguense, algumas pessoas acharam que a gente estava querendo favorecer a Estrela Solitária e a proposta não foi à frente”, contou Saraiva.

Melvyn Cohen lembrou de uma outra assembleia no Banco em que se debatia a concessão de abono ou participação nos lucros e resultados. “A assembleia se dividiu entre empregados e aposentados, que não receberiam o pagamento se o seu título fosse PLR. E havia o grupo dos empregados desquitados, divorciados, que receberiam integralmente os recursos se fossem pagos como PLR, mas que teriam que dividi-los com as ex-esposas se fossem pagos como abono. Curiosamente, segundo o conselheiro, a assembleia se dividiu em três grupos.

Voltando ao episódio do Botafogo, Paulo Altomar lembrou que era diretor administrativo da AF à época e ficou responsável pela negociação com o clube carioca. “Estávamos com um problema financeiro muito sério. Tivemos que mudar o estatuto para passar a contribuição dos associados de 0,5% para 1% do salário durante seis meses para que pudéssemos recompor nosso caixa, e foi uma dificuldade tremenda essa alteração estatutária”. Altomar também acrescentou que propostas para o arrendamento do Clube da Barra também vieram do Flamengo, Vasco, Monte Sinai e um outro clube da Barra da Tijuca, todos querendo arrendar a sede social sem contrapartida financeira. O Botafogo, segundo ele, é que veio com a proposta mais concreta, com a troca de patrimônio. Mas o Conselho Deliberativo, que havia sido renovado, não aprovou a iniciativa. Foi feito então um estudo de viabilidade econômica centrado no aumento de sócios especiais para fortalecer as finanças da Associação. “Chegamos à conclusão de que com 500 sócios especiais a gente atingiria o equilíbrio financeiro do Clube, mas com 250 sócios a gente alcançou a meta. Foi um sucesso”.

Arthur Koblitz, por sua vez, lembrou da trágica condução coercitiva de 2017 no âmbito da Operação Bullish, da reação do corpo funcional benedense, liderado pela AFBNDES, e da foto dos crachás em frente ao logotipo do BNDES no térreo do Edserj. “Este episódio ilustra como coisas muito importantes às vezes acontecem sem você planejar. A foto dos crachás virou um símbolo da Associação e daquele período difícil que todos vivemos aqui no Banco. E eu tive o retorno de jornalistas de que aquela foto na imprensa foi o que virou a opinião das editorias sobre o BNDES. Ou seja: num lugar onde há suspeita de corrupção, as pessoas não vão bater no peito e mostrar seu crachá em defesa da instituição e do corpo funcional; e tem gente que diz que aquele episódio também foi a virada de chave em relação à condução coercitiva. Tipo: os caras perderam o controle…”. A vice-presidente da AFBNDES, Heloísa Rizzo, presente no evento, reforçou o relato informando que o próprio local onde foi feita a foto, em frente ao logotipo do Banco, foi decidido na hora, por algumas funcionárias”. Portanto, não houve combinação anterior.

Completando histórias daquele dia tenso, Schettini narrou um fato envolvendo o contato dos advogados do Banco com jornalistas em frente ao prédio da Polícia Federal, onde foram colhidos os depoimentos relativos à condução coercitiva, e a saída rápida e cômica do local de VLT.

Música – Depois de tantas boas histórias sobre a Associação, houve o momento em que os presentes se deliciaram com o pocket-show da Banda SDC, com repertório de clássicos da MPB e estrangeiros, chorinho, bossa nova, o belo canto de Thaisa Ventura e a presença de Fernandinho Dias, associado da AFBNDES, na flauta.

Por sinal, Fernandinho Dias também completou 70 anos em 2024 – exatamente no dia 1º de agosto. Uma bela coincidência, uma vez que os organizadores do evento não tinham conhecimento do fato.

Coquetel – Em seguida, foi servido coquetel no saguão do Auditório Reginaldo Treiger, com as presenças do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, dos diretores Tereza Campello, Nelson Barbosa e Alexandre Correa Abreu, do chefe de Gabinete da Presidência, Marcus Sérgio Martins Aguiar, e do assessor do presidente, Hugo Costa Simoes de Oliveira.

O evento dos 70 anos da AFBNDES foi organizado pelas diretoras Glória Vaz e Sandra Barros, pela vice-presidente Heloísa Rizzo e por Suiane Fontes, do Setor de Eventos da Associação.

► Presidentes da AFBNDES

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