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2018 e seus desafios

VÍNCULO 1279 – Em 2017, o BNDES se tornou uma espécie de Geni no imaginário popular brasileiro, pois a população, em geral, é induzida a acreditar que o BNDES é uma instituição prejudicial ao país. É notório que falta uma discussão, em âmbito nacional, aprofundada, sobre o sentido do desenvolvimento econômico brasileiro e o papel do BNDES. O “senso comum” desinformado sobre economia, geral e brasileira, leva a uma visão distorcida sobre o BNDES e os Bancos de Desenvolvimento.

Mas essa construção do imaginário e da opinião pública brasileira sobre o Banco é fluída e está em termos concretos fundamentada no campo da disputa política e de seus interesses econômicos subjacentes. Que podem mudar conforme mudem também as circunstâncias políticas e a conjuntura econômica. E 2018 é ano eleitoral. E será um divisor de águas em relação ao futuro da instituição e do Brasil. A agenda do atual governo não é de desenvolvimento. É uma agenda anticrescimento, antinacional e antipopular. Provas disso são o seu altíssimo nível de rejeição pela população e os (maus) resultados, em termos de crescimento e geração de emprego, da política econômica tocada pela Fazenda e pelo Bacen. Afinal, a quem beneficia a atual política econômica?

O atual Ministro da Fazenda, desde os tempos de Bacen, defendia a tese de que a TJLP prejudicava a eficácia da política monetária. Na Fazenda, trabalhou diuturnamente pela sua extinção. Hoje, é a partir da Fazenda e do Bacen, os representantes oficiais dos interesses do setor financeiro privado, brasileiro e estrangeiro, que se dá a “desconstrução” do BNDES. Esse processo ocorre hoje por dois caminhos, um externo e outro interno.

O externo (e mais perigoso) passa pelo fim da TJLP (e sua manutenção em níveis estratosféricos durante todo o ano passado) e a criação da TLP; pela desidratação do funding do Banco e as ilegais liquidações antecipadas dos empréstimos do Tesouro Nacional; e pela criminalização da instituição e de seus empregados que funciona perante a opinião pública como um legitimador das mudanças, que são “vendidas” na mídia como moralizadoras e benéficas, e longe de aperfeiçoarem as “instituições econômicas”, estão servindo na prática para a “desconstrução” do BNDES enquanto Banco de Desenvolvimento e para o aprofundamento da crise brasileira.

A sanha persecutória dos órgãos de controle também está contribuindo para a paralisia da instituição. O ex-diretor de compliance, responsável pela criação das Comissões de Apuração Interna, que foi trazido pela ex-presidente Maria Silvia, deixou o Banco, no meio do ano passado, dizendo que estava trabalhando sob alto nível de estresse, pois o BNDES está sendo, segundo ele, perseguido pela “ditadura dos órgãos de controle”. Além disso, defendeu o corpo técnico do Banco como sendo ético e profissional. A paralisia provocada por essa cruzada inquisitória emperra o Banco e fortalece posições “antioperacionais”, que em nome da “mitigação de risco”, vai aos poucos inviabilizando o funcionamento da instituição e dificultando a recuperação da economia.

Internamente, as diferenças dentro do corpo funcional estão se agravando ao invés de estarem sendo corrigidas. O episódio da incorporação dos PECS, por exemplo, foi desastroso. Foi gerada enorme expectativa e depois veio o banho de água fria sem dar a menor satisfação aos funcionários. A “reestruturação participativa” foi o mais recente dos eventos internos desestabilizadores e revela o quão trágica é a situação: mesmo um tema que tinha grande chance de ser endereçado de forma consensual, sem celeuma e grande dificuldade, foi administrado de maneira a gerar um profundo mal-estar na Casa e um grave desalinhamento dentro da hierarquia. Questões como a falta de um plano de carreira, o alto peso das gratificações, os critérios para nomeação de executivos e promoções, e o possível excesso de cargos precisam ser enfrentadas, mas não de forma atropelada e açodada, com tom moralizador, parecendo atender, primordialmente, a objetivos alheios às boas práticas organizacionais e/ou a interesses políticos.

As recentes demissões na FAPES e de funcionários terceirizados do Condomínio, que causam danos e transtornos aos que perderam seus empregos, trazem à memória dos benedenses o trauma das demissões do governo Collor e a situação injusta dos anistiados que ainda não tiveram todos os seus direitos reconhecidos pela Administração. Com isso tudo a sensação de insegurança entre os funcionários só aumenta. A última pesquisa de clima mostra que a atmosfera continua bastante “carregada”. O exercício de planejamento estratégico provocou uma importante reflexão na Casa sobre a questão “o que nos une?”. Porém, o que se observa é que os fatores de desunião é que estão sendo fortalecidos. Da perspectiva interna, o desafio hoje é dar coesão, sentido e “espírito de corpo” à organização, por conta do alto nível de fragmentação existente internamente.

Em 2018 teremos eleições presidenciais que serão decisivas para o futuro do país e do Banco. E a AFBNDES será cobrada a desempenhar um papel ativo, em levar o tema “BNDES” para o debate nacional. Além disso, uma vez confirmada a pretensão eleitoral do atual presidente Paulo Rabello de Castro, teremos uma mudança na presidência do Banco no início do ano.

Se isso de fato ocorrer, o que a AFBNDES espera do próximo presidente é o seu compromisso com a defesa do BNDES e de seu corpo funcional, que estão claramente ameaçados pela “criminalização” e “desconstrução”.

Um primeiro e fundamental ponto: os R$ 130 bilhões reclamados pela Fazenda não podem ser liquidados antecipadamente, pois além de ser ilegal, pode deixar o Banco sem recursos para cumprir suas obrigações em 2018 – o que seria uma calamidade. Um segundo ponto, a sanha persecutória dos órgãos de controle, conforme falou à imprensa em sua despedida o ex-diretor Ricardo Baldin, precisa ser enfrentada com uma atitude mais firme e altiva da Administração. Uma terceira questão é a implementação da Área de Comunicação, que precisa ser feita com urgência, com o objetivo de reverter a imagem negativa do BNDES. É necessário dar respostas à sociedade e mostrar, de modo positivo, as reais ações do Banco em prol do desenvolvimento econômico do país.

Defender o BNDES para que ele possa continuar sendo o Banco de Desenvolvimento do Brasil significa defender os seus instrumentos e o seu corpo técnico. Pois apenas de posse dos instrumentos adequados, com o moral dos seus funcionários elevado e em um ambiente interno e externo “pacificado”, o BNDES poderá de forma efetiva cumprir a missão de promover os investimentos de longo prazo na economia real – dimensão onde se encontra as variáveis de produção, emprego e tecnologia – e contribuir para a retomada do crescimento econômico do país.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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