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O nosso porta-voz

VÍNCULO 1378 – É difícil ter boa vontade com a postura do presidente do BNDES quando se trata de cumprir uma de suas tarefas primordiais: representar a instituição que preside. Sua atuação é frequentemente desastrosa. Mesmo quando a tarefa parece ser fácil.

Última demonstração exemplar desse desempenho sofrível foi dada na resposta à questão do valor gasto na consultoria do escritório Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP. Montezano é incapaz de explicar o mais importante: por que houve a contratação da consultoria? (A primeira ação do Banco foi fazer uma investigação interna que concluiu que não havia nada de errado). Então, quem demandou uma auditoria independente externa? A resposta passa certamente por órgão de controle, o Conselho de Administração e a KPMG.

Talvez o presidente tenha a ilusão de que só deve responder pelas decisões que sua gestão tomou. Está totalmente enganado. Ele responde pelo BNDES. Tem por obrigação entender as decisões tomadas no passado e se posicionar. Não vale esse negócio de “comigo não, tá!”.

Resultado: foi criticado por todos os lados na imprensa e perdeu a oportunidade de esclarecer a opinião pública. O presidente diz que é executivo e não político, isso só o desculparia se fizermos uma interpretação muito limitada do papel de executivo. É tarefa de um presidente do BNDES ser porta-voz do Banco. Isso também é ser executivo.

O presidente cresceria se fosse mais humilde e re-conhecesse seus erros. Todos sabem o desafio a que foi submetido. Há uma dose razoável de boa vontade da imprensa em função de sua idade etc. Deveria usar isso a seu favor e voltar a se pronunciar sobre o tema de forma elucidativa.

Infelizmente, não é razoável assumir que as trapalhadas do presidente se devem apenas a sua inexperiência. Como entender que o presidente inclua numa entrevista que deveria ser positiva para o Banco e seus empregados, comentários sobre as dificuldades que um cidadão comum tem para compreender que financiamentos para Cuba e para a aquisição de jatinhos não são ilegais?

Difícil acreditar que estamos lidando apenas com questões de ordem cognitiva, apesar de algumas vezes Montezano parecer dar sinais de que se refere a si mesmo quando fala das dificuldades do cidadão comum. Não há nada de tão complexo. Sugestão: quando falar de financiamento a Cuba, experimente desenvolver um argumento que trate da Comissão Interministerial que concedeu 100% de garantia à operação. Quando falar sobre jatinhos, comece explicando que os jatinhos são da Embraer. Isso está longe de ser tudo, mas muita gente começará a refletir melhor a partir dessas duas informações. E, finalmente, tente explicar a diferença entre política pública incorreta e ilegal. Por mais absurda que tenha sido a política de juros do Banco Central por 20 anos, ela nunca foi alvo de acusações de ilegalidade. Qualquer ação do BNDES no mesmo período é mais facilmente explicável para o cidadão comum do que essa política de juros.

Parte da explicação, como já apontamos, decorre do mandato impossível de Montezano, que demandaria um tanto de mágica para ser cumprido. O presidente precisa atender, de um lado, a combinação de sinceros devaneios conspiratórios do governo com a cínica sede por votos fáceis baseados em desinformação e, de outro lado, lidar com a “realidade” – ou seja: as representações que construímos levando em conta fatos e evidências.

Enquanto Montezano não aceitar que deve se pautar pela segunda alternativa, e insistir em fazer um discurso que tente compatibilizar fantasia e realidade, passará – e, pior, fará o Banco passar – vexame.

Presidente, adoraríamos fazer um editorial festejando suas decisões. Facilite nosso trabalho. Deve ter muita gente dizendo amém no seu entorno. Lembre-se que às vezes os amigos são os críticos…

Associação dos
Funcionários do BNDES

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