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Reestruturação permanente

VÍNCULO 1357 – Há uma crise profunda no BNDES. Ela é parte de uma crise brasileira muito mais séria que o desastre conjuntural de estagnação e desemprego que vivemos. É uma crise grave de falta de rumo, que, vamos ser justos, não começou agora. Apenas vivemos um momento em que nem se pretende mais esconder que o piloto sumiu, que o rei está nu, que estamos dramaticamente perdidos.

Na verdade, as correntes político-ideológicas que nos governam procuram dar respostas à falta de um projeto próprio para o país assumindo que o país não precisa de um projeto.

No campo externo, devemos nos guiar pelos Estados Unidos, mais ou menos como o fazem pequenos países da América Central. No campo econômico, devemos confiar nos poderes mágicos do livre mercado. E isso num momento em que a liderança americana está na boca do lixo e a reputação da autorregulação dos mercados segue destruída. No resto do mundo vemos países avançados e em rápido desenvolvimento que entendem que Estado e mercado precisam andar juntos. Nos tristes trópicos adotamos um liberalismo radical não visto por essas terras desde a República Velha.

O que fazer com o BNDES? Difícil responder a essa pergunta sem tomar como premissas um projeto soberano e uma visão realista dos limites do mercado. Duas premissas com as quais o atual governo não trabalha. E qual é o resultado, na prática, dessa crise? Sucessão de presidentes, reestruturações que desorganizam ainda mais o Banco. Tudo em nome de supostas estratégias com pouca ou nenhuma fundamentação.

Visões pessoais de presidentes são toleradas por Brasília desde que sejam compatíveis com a demanda para reduzir ou acabar com o BNDES, com o objetivo de alocar os recursos do Banco para finalidades consideradas “mais relevantes”.

Prioridade para médias empresas, Banco de serviços etc. – qualquer coisa vale! Grande latitude também é dada para que os novos presidentes alterem a estrutura do Banco. Afinal, os grandes impactados serão apenas os funcionários da Casa.

Vejam o que acontece com a Diretoria do BNDES. No meio de um processo de reconcepção do Banco, que contou com consultoria internacional que tinha como propósito estabelecer um benchmark, reduziu-se de oito para seis as diretorias da instituição.

Se essa redução fosse incompatível com o benchmark que foi levantado, seria razoável supor que não teria ocorrido. Mas ocorreu, e a administração seguinte o que fez? Resolveu desfazer tal mudança, com a elevação de diretorias novamente para oito, sem nenhum esforço de fundamentação. Ao mesmo tempo, a gestão Levy, não sem críticas das Associações de Funcionários, acabou com a tradição da presença de empregados de carreira na direção do Banco.

Agora, a gestão Montezano, não satisfeita com o aumento de diretores, eleva o número para inéditos 10, cortando cargos comissionados para viabilizar tal decisão.

Todos os empregados entendem o momento do Banco. Entendem que eventuais ajustes em função de novos rumos podem ser necessários. Mas é importante também que a Diretoria tenha sensibilidade de não impor custos sem o devido fundamento. Custos pessoais concretos para muitos funcionários vêm ocorrendo em nome de reestruturações e estratégias pouco convincentes. Azeda-se o clima organizacional em nome de proposta que parece estar em fase inicial de elaboração. A prudência recomendaria que se evitasse a criação de novas diretorias. Seria mais produtivo estressar o que se pode fazer com a estrutura dada.

Se é legítimo que novos presidentes tracem a estratégia que lhes pareçam mais adequada e se é correto que as estruturas devam se adequar às estratégias traçadas, também deve ser levado em conta o histórico recente da organização.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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