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“Tão inovador que outros países imitarão”

VÍNCULO 1394 – A última semana continua, infelizmente, confirmando a previsão de aprofundamento das três crises simultâneas que o país vive. No plano político, as ameaças do clã Bolsonaro quase não chocam mais. Trabalham sistemática e abertamente para reverter a ordem democrática. Estão em busca de aliados que topem a aventura. Controlam hordas de milicianos nas polícias de boa parte do país e disputam quadros na Polícia Federal e nas Forças Armadas, em particular no Exército. 

São flexíveis. O desenho específico do arranjo autoritário que almejam é negociável. O objetivo é garantir que investigações policiais não atinjam os negócios suspeitos da família (que vão desde trambiques como desvio de dinheiro parlamentar, a famosa “rachadinha”, até a parte mais sinistra: os milicianos com quem mantinham relações e que recebiam, entre outras coisas, parte das tais “rachadinhas”) e estabelecer um regime em que Justiça, imprensa e Congresso tenham que se dobrar ao governo. A criminalização da oposição é certamente um desejo, mas talvez desnecessário se as outras demandas forem satisfeitas. 

Perseguem isso porque é o entendimento que têm do poder. Veem a si mesmos como “revolucionários”. Mas são na verdade um grupo de obscurantistas lunáticos de extrema direita. Nunca na história brasileira um grupo tão perigoso chegou ao poder. 

Contra eles, algumas consequências da própria visão obscurantista. Resolveram declarar guerra ao combate ao coronavírus. Claramente, esperavam um quadro mais ameno da doença, apesar de todas as evidências em contrário – científicas e a própria experiência dos demais países atingidos pela pandemia. A confirmação da realidade da Covid-19, potencializada pelo caos instaurado no aparelho de Estado para combatê-la, será um dos vetores da destruição do bolsonarismo. 

Outra associação que custa e ainda custará muito caro foi a estabelecida com o liberalismo tresloucado e gagá de Paulo Guedes. Temos reivindicado aqui predições feitas ainda em 2019 sobre o desastre inevitável das políticas preconizadas pelo ministro da Economia. Fomos otimistas. O ministro é o Olavo da economia. Incompetente, despreparado e liderando uma equipe de discípulos que deve estar vivendo momentos de desespero parecido ao grupo de comandantes militares que conviviam com Hitler em seu bunker nos momentos finais. Retratada com perfeição no famoso filme “A Queda! As últimas horas de Hitler”. Não é difícil imaginar o clima de ‘bateção’ de cabeça e desilusão ao ver a completa falta de estatura do suposto grande homem; e os erros grotescos, a falta de contato com a realidade, o isolamento intelectual.

Dissemos, há algumas semanas, que sua autoridade se circunscrevia à equipe. Vários sinais foram dados de que mesmo nesse grupo a autoridade está corroída. A desavença com Rogério Marinho revelada no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril e as críticas abertas ao seu dogmatismo mostram que a coisa toda já azedou – e muito. 

Diante desse desarranjo poderíamos esperar crescer o espaço para o BNDES colocar uma agenda em movimento. Mas, infelizmente, talvez nenhum lugar esteja sob um comando mais domesticado, mais submetido ao presidente e ao ministro. O presidente do BNDES será o último a aceitar o retumbante fracasso de seus ídolos. Sua frase que irá para a história, entre tantas inesquecíveis, será a previsão de que o programa de financiamento da folha de pagamento era tão inovador que seria imitado por outros países. Em pouco mais de um mês o próprio Guedes reconhece o fracasso do esquema. A razão de ter repetido e louvado tanto um mecanismo que não foi nem desenhado pelo BNDES é um mistério.

No desespero, sobrou a Bolsonaro recorrer ao Centrão, esvaziando o poder de Rodrigo Maia no Congresso e se arriscando a perder mais um grau de legitimidade, mais um comprometimento do discurso que o levou ao poder. 

Conseguirá o clã Bolsonaro instaurar o regime autoritário que pretende antes da dissolução ainda maior de sua base social? Ou esse ponto já passou? Ou será o desbaratamento da máquina de fake news e propaganda do ódio, com conexões empresariais, o golpe final das instituições democráticas no fascismo bolsonarista? 

País à deriva como nunca antes na história, tudo pode acontecer no Brasil. Uma coisa é certa, a atual ordem é instável demais, não tem como continuar.  

E para os empregados do BNDES, o que resta a fazer?

Certamente não há espaço na atual administração por tudo o que foi dito acima. Inocentes e cínicos continuarão a desempenhar o papel que os mantenham em seus cargos. Diante da acintosa imposição da realidade, se houver alguma mudança, será no caráter caricato do desempenho de seus papéis como se nada estivesse acontecendo. 

Cabe à geração de empregados que viu a promessa de um grande BNDES, que experimentou um pouco, mesmo de maneira desordenada, sem estratégia, o poder do Banco, pensar de forma ousada o seu futuro. É tarefa se preparar para implementar dessa vez uma estratégia organizada de recuperação do que sobrou da indústria e da tecnologia e recolocar o país no rumo do desenvolvimento.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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