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“À mestra com carinho”

Será realizado neste sábado (15), às 16h, ato ecumênico no campus da Praia Vermelha/UFRJ em memória da querida professora Maria da Conceição Tavares

Em 1992, Maria da Conceição Tavares participou de evento sobre conjuntura promovido pela AFBNDES | Foto: Paulo Rodrigues

VÍNCULO 1598 – Ato ecumênico será realizado neste sábado (15), às 16h, no Teatro de Arena (campus da Praia Vermelha/UFRJ), em memória da professora Maria da Conceição Tavares, que morreu no último sábado, 8 de junho, aos 94 anos, em Nova Friburgo.  Professora titular e emérita do Instituto de Economia da UFRJ, Maria da Conceição formou uma geração de economistas que ajudaram a mudar os rumos da economia do país.

“Nossa ideia é reunir a comunidade científica. E não tem melhor lugar para esse ato acontecer que a universidade. Nossa história ao lado dela aconteceu dentro de sala de aula e, principalmente, nos corredores da Praia Vermelha. Ali as coisas aconteciam”, diz a professora Ligia Bahia, uma das organizadoras do ato.

A morte de Conceição, um dos ícones do pensamento desenvolvimentista no Brasil, teve grande repercussão, com políticos, economistas, alunos e amigos lamentando o ocorrido.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou uma foto abraçado com Maria da Conceição. “Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil”, escreveu.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, amigo da economista, divulgou nota de pesar com o título “À mestra com carinho”. “Perdemos hoje uma gigante do pensamento brasileiro e mundial. Recebo com profunda tristeza a notícia da morte da minha querida amiga e mestra, a mais brasileira de todas as portuguesas. Com densa formação intelectual e profunda coragem, Conceição teve uma vida de compromissos com a democracia, com o desenvolvimento, com a distribuição de renda, com a justiça social e com o enfrentamento do neoliberalismo”, escreveu.

Mercadante também citou a ligação da professora com o Banco: “Não poderia deixar de mencionar a imprescindível contribuição de Conceição para a construção do BNDES, instituição na qual ela entrou concursada em 1958 e que, atualmente, presido. Em março deste ano, na comemoração do Dia Internacional das Mulheres, realizamos uma homenagem à Conceição na sede do BNDES.

A ex-presidente Dilma Roussef lamentou a morte da professora: “Uma das mais importantes e influentes intelectuais de nosso tempo, Maria da Conceição amou profundamente o Brasil e o povo brasileiro, tendo sido uma das grandes pensadoras sobre o destino do país, os rumos da nossa economia e os caminhos para o desenvolvimento com Justiça Social. Minha amiga e professora, era uma mulher brilhante e profundamente comprometida com a soberania nacional, tendo atuado decisivamente na construção de um Brasil menos desigual. Era uma portuguesa que veio para o país ainda criança e virou uma brasileira de coração e de compromisso firme com o nosso povo”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, escreveu que a intelectual deixou um rico legado. “Seu pensamento, sua crítica e sua defesa inegociável da justiça social, será sempre uma estrela guia para o pensamento econômico brasileiro”, afirmou.

O Ministério da Fazenda emitiu uma nota oficial para homenagear a professora. “Corajosa, criticou de forma arguta decisões de política econômica implantadas em descompasso com a justiça social. Seu forte espírito público inspirou centenas de economistas no país”, disse a pasta.

Arthur Koblitz, presidente da AFBNDES e economista do BNDES, também falou sobre a professora Maria da Conceição Tavares: “A Conceição foi uma oradora inesquecível. Tive oportunidade de assistir a várias palestras durante minha graduação. Tinha algo de cômico no seu modo de falar e essa faceta chegou a ser explorada, famosamente, pela humorista Nádia Maria. O jeito era engraçado, mas isso nunca impediu que se levasse muito a sério o que ela falava. E juntava muita gente para escutá-la”, lembra ele.

Segundo Arthur, “o melhor da Conceição, entretanto, seu brilho como economista e pensadora, só se percebe em contato com a leitura de seus textos. Desde os artigos mais curtos (ver a coletânea “Destruição não criadora”) aos ensaios mais ambiciosos (como o clássico “Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro”), são notáveis o rigor analítico e a originalidade dos seus pontos de vista”.

“No Instituto de Economia da UFRJ, ela era respeitadíssima e temida pelos professores, vários dos quais haviam sido ex-alunos. Quando ela queria, ela era quem mandava. Lembro com satisfação de ter apoiado sua candidatura à deputada federal em 1994 e participado das discussões que ela promoveu durante seu mandato. Uma grande brasileira que nos deixa. Os sucessores do Celso Furtado foram agora todos embora (Castro, Lessa e Conceição)”, finalizou.

O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, classificou a economista como “a mestre do desenvolvimento com justiça social que jamais desistiu do Brasil.” “A professora Maria da Conceição Tavares deixa uma trajetória exemplar de educadora engajada no que de melhor o pensamento crítico gerou no Brasil”, escreveu.

Homenagem a Conceição no BNDES no Mês das Mulheres

Como lembrou Aloizio Mercadante em sua nota, a professora, economista, escritora e matemática Maria da Conceição Tavares foi homenageada pelo BNDES durante o evento “Mulheres em Ação: Transformando Realidades, Desenvolvendo o Brasil”, realizado em 12 de março deste ano, para celebrar o Dia Internacional da Mulher.

Considerada a mais brilhante economista brasileira, ainda estudante de economia, em 1958, ingressou no Banco, fazendo um estudo matemático sobre a distribuição de renda no Brasil. Foi professora de várias gerações de economistas, no IE/UFRJ e na Unicamp. Ficou conhecida pela forma apaixonada e veemente com que defendia suas ideias e atacava a pobreza e a exclusão. Em 1994, foi eleita para a Câmara dos Deputados, pela legenda do PT/RJ, com uma expressiva votação.

A idade avançada impediu Conceição de participar do evento, em que foi representada pela professora e amiga Hildete Hermes de Araújo, que lembrou que a homenageada figura entre quatro únicas mulheres em lista que reúne os cem economistas heterodoxos mais importantes do mundo.

Durante o evento, Mercadante recebeu das mãos de Hildete Hermes de Araújo um exemplar do livro “Maria da Conceição Tavares: Vida, ideias, teorias e políticas”, publicado em 2019 pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e pela Fundação Perseu Abramo. A coletânea reúne uma seleção dos principais textos da professora escritos ao longo dos últimos 50 anos. O livro, organizado por Hildete, está disponível em PDF. Para acessar, clique aqui.

Veja também…

– O canal do IE/UFRJ no YouTube está divulgando uma série de depoimentos em homenagem à professora Maria da Conceição Tavares. Vídeos foram gravados pelos economistas Carlos Pinkusfeld, Ricardo Bielschowsky, Luiz Carlos Prado, Maria Malta, Carlos Frederico Rocha e Carla Curty, entre outros.

– No site do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento há artigo de Carlos Pinkusfeld Bastos, presidente do Centro e professor do IE/UFRJ, intitulado “Obrigado, Professora!”, em celebração aos 90 anos de Maria da Conceição Tavares, comemorados em 2020.

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