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Contraf-CUT e Sindicato dos Bancários do Rio criticam troca na presidência da Caixa

Foto: Sérgio Lima/Poder360

VÍNCULO 1566 – A presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, criticou na quarta-feira (25) a troca na presidência da Caixa Econômica Federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu Rita Serrano e nomeou Carlos Antônio Vieira Fernandes para a chefia do banco estatal. “As mulheres foram responsáveis por aproximadamente 60% dos votos de Lula nas últimas eleições. É ruim a substituição de uma mulher por um homem na presidência da Caixa”, disse Juvandia. “Não vamos aceitar que a política do governo passado seja implementada na instituição, o desmonte da empresa e da sua função de banco público, nem retrocessos na política de gestão de pessoas”, completou, ao ressaltar que se trata de uma mulher a menos no governo.

A troca também foi criticada pela coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt. “Após as drásticas gestões do banco durante o governo anterior, que implementou uma política de assédio moral e sexual contra as empregadas e empregados, Rita vinha tentando mudar e melhorar o cenário. Tínhamos nossas críticas, mas a gestão era aberta ao diálogo”, disse. “Em uma instituição tão grande e importante como a Caixa, as mudanças demoram a acontecer. Infelizmente ocorreu a substituição quando elas estavam em andamento”, completou.

A coordenadora da CEE destacou também a importância do papel social da Caixa. “Para que não haja risco na execução de políticas sociais prioritárias para o governo, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e a própria política de financiamento habitacional, dentre outras, a Caixa não deveria ser usada como moeda de troca”, disse Fabiana, lembrando que em gestões passadas o banco já serviu como moeda de troca e teve sua gestão investigada e sua imagem prejudicada.

O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira, também criticou a troca na presidência da Caixa: “Vemos com apreensão a troca no comando da Caixa Econômica Federal. Se tínhamos críticas à gestão de Rita Serrano, pois cobrávamos mudanças efetivas em relação ao cumprimento de metas e aos casos de assédio moral no banco, além de uma solução para o Saúde Caixa, para nós aumenta a incerteza de soluções que atendam as demandas dos empregados com esta mudança”, destacou.

“Serrano cumpriu uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e a retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo, aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio”, disse o governo em nota divulgada no dia da demissão de Rita Serrano.

Novo presidente da Caixa, Carlos Antônio Vieira Fernandes foi servidor de carreira do banco e secretário-executivo dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). É formado em economia e estudos sociais na Fafig (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarabira), atualmente UEPB (Universidade Estadual da Paraíba). Foi também diretor-presidente da BRB Financeira. É considerado uma indicação do PP.

Mensagem de Rita Serrano, publicada na noite de 26/10/2023

Mesmo sob forte pressão, em apenas 10 meses de gestão, CAIXA viveu um de seus melhores momentos

“Nesta despedida, venho a público agradecer aos empregados, clientes, parceiros, entidades e ao controlador da CAIXA, que contribuíram para que meus 10 meses de gestão à frente do banco resgatassem a autoestima institucional de “ser CAIXA”, condição fundamental para viabilizar a nossa missão singular de banco social, que é capaz de atender à população brasileira, especialmente os mais necessitados, e ao mesmo tempo, garantir rentabilidade ao negócio.

Faço aqui um breve balanço das nossas entregas que levaram a CAIXA a viver um de seus melhores momentos.

Os resultados desses 10 meses da minha gestão, que se encerra agora, recolocaram o banco na posição que o Presidente Lula me solicitou veementemente em janeiro: a CAIXA em sua posição de protagonista para o desenvolvimento do Brasil.

Entre os anos de 2016 e 2021, o banco perdeu participação de mercado no crédito livre, de 12,59% para 5,85%. Houve também um impacto relevante nas captações, especialmente entre 2020 e 2021, quando a participação na poupança reduziu de 37,6% para 35,4% e no CDB, de 4,2% para 2,7%.

A partir de 2016, a agenda privatista do governo Temer se deu na CAIXA por meio da privatização de operações via ampliação das participadas, que não necessitam de autorização do Congresso Nacional. Entre 2017 e 2021, o lucro da CAIXA foi muito influenciado, especialmente, pela venda de ativos, como ações da Petrobras, IRB e Banco Pan, além da abertura de capital da Caixa Seguridade.

No período que compreende os anos de 2019 a 2022, o obscurantismo aplacou a CAIXA. No ano passado, as denúncias de assédio moral e sexual se espalharam dentro do banco e viraram manchetes do noticiário, devido ao fato do ex-presidente da CAIXA ser o epicentro das denúncias. Esses episódios, além de deixarem graves cicatrizes coletivas e pessoais, afetaram os negócios e impactaram a boa governança do banco, período marcado por alta rotatividade nos cargos de direção.

As operações controversas realizadas geraram uma grande repercussão negativa para a imagem da instituição, como a concessão de crédito consignado do Auxílio Brasil, às vésperas da eleição, e o microfinanças, que geraram prejuízo bilionário ao FGM/FGTS e estimularam o endividamento das famílias vulneráveis. Logo no início da minha gestão, parei as duas operações lesivas às boas práticas da gestão e à concessão de crédito responsável.

Em poucos meses, atingimos o desafio de buscar resultados sem renunciar à missão da CAIXA como banco social. O lucro líquido de R$4,5 bilhões no 1º semestre representa um aumento de 3,2% em relação a 2022. É notável o crescimento de 33,5% do lucro líquido do 2º trimestre em relação ao 1º trimestre de 2023, após três árduos meses “de arrumação da casa” (de R$1,9 bi para R$2,6 bi), restabelecendo a ética e a integridade nas práticas de governança.

O resultado do 3° trimestre, a ser apresentado no dia 13/11, tende a ser promissor. Tenho certeza de que vai confirmar o acerto de nossas escolhas no âmbito do reequacionamento da estrutura de funding e de risco, que possibilitou, ao longo desses 10 meses, superar os problemas de liquidez do final do ano passado, equacionar a inadimplência e voltar a expandir substancialmente a oferta de crédito.

A CAIXA conseguiu alcançar resultados significativos este ano, fazendo o que os outros bancos não fazem. Numa conjuntura desfavorável de juros altos e maior inadimplência, a CAIXA conseguiu expandir o crédito para PF e PJ, com um crescimento anualizado de 4,5% até setembro/23. Em relação a 2022, houve, no primeiro semestre, um aumento de 34,9% das receitas da carteira de crédito em todas as modalidades.

Conseguimos a redução do spread bancário para 11,7%, comparado à média ponderada de 17,5% do mercado, mantendo a menor inadimplência, de 2,79% contra a média do mercado de 3,74%.

O maior destaque é o crédito imobiliário. Neste ano, foram mais de R$129 bilhões para novas moradias, com 2,2 milhões de empregos esperados. Em 2023, 675 mil famílias devem ser contempladas com moradia digna. A CAIXA acabou de atingir a marca histórica de R$700 bilhões de carteira de crédito imobiliário. A carteira da CAIXA é, proporcionalmente ao PIB, 1,5% maior do que a do ICBC Bank, da China, o maior banco imobiliário do mundo.

Em 2023, na área de infraestrutura, a CAIXA concedeu, até agora, R$18,4 bilhões de crédito aos entes públicos (OGU e FGTS), um valor 91% superior ao total contratado de todo o ano de 2022, beneficiando 448 localidades e 2,2 milhões de empregos potenciais. Foram realizados pagamentos (desbloqueios) de R$2,8 bilhões em obras para mais de 3 mil municípios e retomadas 2,1 mil obras paralisadas em 2022 de recursos OGU, injetando R$9,5 bilhões em investimentos em todo o país.

Dos R$1,4 trilhão previstos para investimentos no Novo PAC até 2026, a estimativa é que a CAIXA seja responsável por pelo menos 30% deste valor, o que evidencia o lugar singular do banco no governo para o desenvolvimento do país e a reconstrução do Estado.

Iniciamos a transformação do atendimento na Caixa com a imersão de todos os Dirigentes e Superintendentes Nacionais em nossas Agências, ouvindo os empregados e clientes e avaliando processos, infraestrutura e tecnologia, com foco na experiência do cliente e na jornada dos empregados.

O programa de transformação digital lançado há três meses é ousado e busca eliminar a defasagem tecnológica do banco. O grande esforço implementado possibilitou o efetivo envolvimento e mobilização das áreas meio e de negócios.

Demos um salto de qualidade na discussão da diversidade, tornando-nos uma das poucas grandes empresas do Brasil e do mundo a ter maioria de mulheres na alta administração. Retomamos relações com entidades sindicais, respeitando o processo de livre negociação e democracia.

Todo esse resultado é fruto de um esforço de trabalho coletivo. São 87 mil empregados diretos e outros milhares indiretos atuando todos os dias para garantir um atendimento digno aos clientes e à população brasileira. Empregados que voltaram a ter orgulho de trabalhar na CAIXA.

Por fim, o momento é de agradecer a toda a minha equipe, dirigentes, assessores, colegas de trabalho de todo o país, minha família, entidades e, em especial, ao presidente Lula, pela confiança depositada. Presidente, para mim, foi uma honra ter participado do seu governo.

Ser mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador. Não foi fácil ver meu nome exposto durante meses à fio na imprensa. Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados, de que é possível ter um banco público eficiente e íntegro, de que é necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e ter relações humanizadas no trabalho.

Nos próximos dias, faremos a transição com o futuro presidente do banco, ao qual desde já registro meus desejos de boa sorte.

Quanto a mim, volto a ser bancária, com muito orgulho.

Seguimos juntos por um novo Brasil, uma nova Caixa.

Rita Serrano”

Associação dos
Funcionários do BNDES

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