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Repercussão da queda da Selic junto às centrais sindicais e organizações patronais

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou na quarta-feira (2) o primeiro corte da taxa básica de juros desde agosto de 2020 – o primeiro no governo Lula, com redução da taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual: de 13,75% para 13,25% ao ano.

O tamanho da queda dividiu os diretores do BC: cinco votaram pelo corte de 0,5 ponto e quatro, pela redução de 0,25. o presidente Roberto Campos Neto deu o voto final e decisivo pela redução maior.

O colegiado antecipou que prevê um novo corte de 0,5 ponto percentual na próxima decisão do Copom, em setembro, e de mesma intensidade nas reuniões seguintes.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o BC, em comunicado.

A Selic ficou um ano parada no patamar de 13,75%, apesar da pressão do governo Lula e das críticas de empresários e trabalhadores, depois de o BC ter promovido o mais longo choque de juros da história do Copom. Foram 12 aumentos consecutivos entre março de 2021 e agosto do ano passado, com elevação de 11,75 pontos percentuais.

Dieese – “A redução indica o começo de um caminho, mas para que a economia e os brasileiros realmente possam respirar aliviados, pagar menos juros nas compras e para que as empresas possam também respirar e fazer mais investimentos que gerarão emprego e renda, seria necessária uma redução maior da Selic para que os efeitos na economia sejam sentidos em menor tempo”, avalia a economista Vivian Machado, da Subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Vivian Machado afirma que com uma redução mínima de juros, como aconteceu, os brasileiros ainda continuarão pagando juros altos nas operações financeiras. O impacto é sentido somente a ‘muito longo prazo’.

Para os trabalhadores, a alta taxa de juros impacta diretamente no crediário de lojas e demais empréstimos e financiamentos em instituições financeiras, como empréstimos pessoais, financiamentos de veículos, casa própria e, nas lojas, nas compras parceladas de eletrodomésticos, por exemplo.

O corte de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic veio num momento necessário para ajudar na recuperação econômica do país, avaliam entidades do setor produtivo. As centrais sindicais e as organizações patronais, no entanto, pedem cortes maiores nas próximas reuniões do Copom.

CUT Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a redução de apenas meio ponto percentual na Selic significa “a manutenção de uma estratégia do presidente do Banco Central para dificultar o projeto de reconstrução do Brasil com melhores condições de vida para a classe trabalhadora”.

Em nota, a Central  expressou repúdio à redução de apenas 0,5% da taxa Selic e à projeção de especuladores e rentistas de uma redução lenta e gradual que chegue a 9% apenas em janeiro de 2025.

A CUT reforça que a taxa Selic já deveria ter despencado, “o que favoreceria a redução das taxas de juros e a ampliação da oferta de crédito a taxas reduzidas, fatores essenciais para um crescimento mais vigoroso da economia e para a melhoria da qualidade de vida de trabalhadoras e de trabalhadores”.

Força Sindical – A Força Sindical avalia que o BC acertou na decisão, mas errou na dose. A entidade considera pequeno e abaixo do necessário o corte de 0,5 ponto na Taxa Selic. “A redução é insuficiente. A Força Sindical ressalta que irá continuar na luta pela redução da Taxa Básica de Juros, como importante passo rumo ao fortalecimento e crescimento da economia. Juros exorbitantes inibem o consumo, a produção e, consequentemente, a geração de postos de trabalho”, ressalta em nota o presidente da central, Miguel Torres.

CTB – A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)), por meio de artigo do presidente da entidade, Adilson Araújo, entende que a taxa “deve ser redefinida e reduzida”.

“A Selic alta aumenta o déficit fiscal e os encargos da dívida interna, restringindo os investimentos públicos em saúde, educação, habitação, seguridade e infraestrutura. Ao mesmo tempo, ao elevar o custo do dinheiro, os juros altos deprimem os investimentos produtivos e o consumo da população, produzindo estagnação econômica ou mesmo recessã          o. Por esses meios, ou seja, o desvio de investimentos públicos para pagamento de juros aos detentores de títulos governamentais e as taxas abusivas pagas por consumidores e empresas aos bancos, opera-se uma brutal transferência de renda da maioria da sociedade para o bolso de ricos e privilegiados rentistas. Quem mais sofre é o povo carente de serviços públicos”, escreveu Araújo.

CNI – Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que considera acertada a decisão do BC. A entidade pede cortes maiores nas próximas reuniões porque avalia que os juros ainda estão em níveis contracionistas, que desestimulam a produção e o consumo.

“A decisão foi acertada, uma vez que não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia. As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação”, avalia o presidente da CNI, Robson Andrade.

A CNI pede a aprovação no novo arcabouço fiscal e de reformas importantes, como a tributária, para que os juros possam cair mais no futuro. “A indústria entende que a continuidade do ciclo de redução da Selic exige boa coordenação entre política monetária e política fiscal. A expectativa da CNI é que o Congresso aprove, em breve, um novo arcabouço fiscal que consiga estabilizar a dívida pública sem recorrer ao aumento da carga tributária, de modo a contribuir com o processo de cortes na taxa básica de juros”, destaca o comunicado.

Firjan – Em nota divulgada à imprensa, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também considerou correta a decisão do Copom de reduzir a Selic para 13,25% ao ano. Segundo a entidade, “em um ambiente em que as incertezas vão se dissipando, com redução da percepção do risco inflacionário, as justificativas que mantinham a taxa de juros em níveis elevados são eliminadas”.

A Firjan entende que há espaço no cenário econômico para o início do ciclo de redução dos juros. “Tanto o IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] cheio quanto os núcleos de inflação vêm mantendo uma trajetória de desaceleração, o que tem influenciado a revisão das expectativas inflacionárias para 2023 e 2024 para baixo. Ademais, indicadores relacionados ao nível de atividade e ao mercado de trabalho continuaram a confirmar a percepção de desaceleração econômica para este segundo semestre”, diz o texto.

A Firjan destaca, contudo, que um ambiente propício para um ciclo longo e sustentável de queda dos juros exige a materialização do novo arcabouço fiscal e o avanço “célere” da reforma tributária. “Assim serão construídas as bases necessárias para o aumento dos investimentos, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda.”

Abras – A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) comemorou a redução da Selic. “O corte de 0,5 ponto vem em linha com os indicadores recentes da economia, como a queda da inflação, e sinalizam que a taxa de desemprego e a renda da população poderão melhorar, ampliando assim o consumo das famílias e permitindo o crescimento da economia”, afirma em comunicado o presidente da Abras, João Galassi.

Fiesp – Em junho passado, a Fiesp já defendia a queda dos juros: “O remédio amargo, adotado em condições excepcionais para conter um movimento altista de preços, é um veneno para a atual realidade econômica de descompressão inflacionária, com demanda fraca, câmbio em queda e a expectativa de contas públicas controladas (…). Inflação estável, com política monetária adequada, é condição para o crescimento econômico fluir conforme o anseio geral. A dinâmica inflacionária está contida. Resta acertar a política monetária, até para termos tranquilidade para darmos atenção aos demais problemas que impedem o desenvolvimento pleno do país”, escreveu a Federação das Indústrias de São Paulo em nota.

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