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A incoerência entre os discursos de jabuticaba, de inovação e criatividade

Bruno Galvão dos Santos – Economista do BNDES

Vínculo 1290 – Tendo como perspectiva a história da humanidade, é chocante como nos últimos 250 anos a ciência e a tecnologia avançaram. Os benefícios da inovação são inegáveis nos mais diversos âmbitos das nossas vidas. Já é difícil pensar nossa vida sem smartphones e sem internet; imagina, então, lembrar que, em 99% do tempo em que a humanidade habitou o planeta, não havia energia elétrica, aviões, automóveis, trens, eletrodomésticos e equipamentos de telecomunicação. Por causa dos inúmeros e palpáveis benefícios da inovação, ela é uma das palavras mais utilizadas por administradores e consultores. E, no BNDES, não é diferente. Inovação é uma prioridade estratégica do BNDES de praticamente todas as direções que passaram pelo Banco.

É muito comum ressaltarem que o BNDES não deve apenas apoiar a inovação nas empresas atendidas, mas o Banco deve ele mesmo ser inovador. Atualmente, em uma situação de forte queda de desembolso e sob críticas cerradas da sociedade brasileira, deveríamos ser criativos e não termos medo de nos recriarmos. De fato, ao longo da sua história, o Banco mudou bastante e foi muito importante para a política econômica do governo federal.

Por outro lado, no Brasil, quando se quer falar mal de alguma coisa, apontamos o dedo e afirmamos que é uma “jabuticaba”, ou seja, que só existe no Brasil. A carga negativa do termo “jabuticaba” é impressionante. Após dois anos de forte crise econômica, aumento da percepção da violência, de corrupção e desencanto generalizado com a política, o termo “jabuticaba” tornou-se ainda mais negativo. O fato do Brasil ser, entre as 20 maiores economias emergentes, a com menor crescimento do PIB nos últimos 30 anos só reforça a convicção de que há algo muito errado no país. O problema com a visão de que tudo de diferente que fizermos será ruim é uma renúncia a nossa criatividade e inovação, pois tudo o que há para ser feito é replicar e imitar o que é feito nos países desenvolvidos. Qualquer inovação seria uma “jabuticaba”, afinal, o conceito de inovação é ser algo novo, que não exista em outro lugar.

Inovação é resultado de uma combinação de liberdade de pensar, ousadia em acreditar que faremos melhor algo que já é feito e saber o objetivo que se quer alcançar. Reparem que a própria repetição, como papagaios, de que devemos ser inovadores é anti-inovadora, porque é simplesmente a repetição de um mantra sem reflexão de nossos objetivos. Inovações que ocorrem nas empresas são feitas em cima de tentativas de solução de um problema concreto e não porque a empresa acha simplesmente que inovar é bonito. Na época em que o Brasil acreditava em si mesmo, a economia nacional conseguiu se reinventar e surpreender o mundo, sendo uma das com maior crescimento entre 1930 e 1980. Não é à toa que o Brasil era visto como o país do futuro. Nessa tarefa de recriarmos o BNDES, devemos recuperar a ousadia e a confiança que o país perdeu nas últimas décadas.

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