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Carta à Comunidade Benedense

Caros colegas,

VÍNCULO 1572 – Queremos compartilhar um momento delicado que vivemos como judeus. Em um cenário em que nunca foi necessário nos unirmos, agora, diante dos desafios, formamos um grupo de cerca de 30 benedenses, em toda sua diversidade, para expressar nossos sentimentos.

Nosso propósito não é entrar em debates sobre a guerra ou apontar quem está certo ou errado. Estamos aqui para compartilhar nossos sentimentos e alertar para a crescente onda de antissemitismo que percebemos existir no Brasil e no mundo. Queremos estabelecer um diálogo baseado na compreensão e na empatia, focando na importância de respeitar a diversidade e garantir que todos possam viver plenamente, independentemente de suas origens.

O antissemitismo, muitas vezes disfarçado de antissionismo, está presente no mundo e no Brasil. Em pleno século XXI, nos deparamos com uma realidade surpreendente: judeus, historicamente perseguidos, novamente são alvo de hostilidades. O aumento alarmante de publicações antissemitas online e manifestações pró-Hamas em várias partes do país nos deixam apreensivos. Lembramos que o Hamas é um grupo terrorista que visa atingir civis inocentes e pratica atos de barbárie, não havendo nada que justifique violência extrema contra mulheres, crianças e idosos.

É legítimo defender a causa pró-palestina e a existência de uma nação Palestina. Porém, não é aceitável negar a existência e a convivência pacífica de outro Estado, vizinho, pluralista e democrático: Israel.

É completamente possível apoiar a causa palestina sem negar o direito à existência de Israel ou sem endossar a violência contra civis, tampouco a série de estupros e atrocidades especialmente contra crianças e mulheres. Defendemos a ideia de que o diálogo e a busca por soluções pacíficas são fundamentais para promover a compreensão mútua. Acreditamos na coexistência pacífica e na possibilidade de expressar solidariedade a uma causa sem comprometer os princípios de respeito, tolerância e diversidade. Um alerta que gostaríamos de enfatizar é o de não se confundir o apoio a causas humanitárias em Gaza e opiniões contrárias às formas encontradas por Israel para se defender com a defesa de posições pró-Hamas e condenações levianas ao povo judeu, tratando-nos como um grupo monolítico e insensível. Essa posição só insufla, mesmo que sem intenção, o crescente antissemitismo no seio da população,  até mesmo entre os mais bem instruídos e esclarecidos. Palavras de ordem e aplausos públicos a manifestações raivosas não coadunam com o bom convívio que essa Casa demonstra ao longo de sua história; prezamos que esse respeito e comedimento sejam o norte que nos guia.

Ainda que em franca minoria, mas infelizmente facilmente detectáveis nas mídias sociais e em manifestações mundo afora, aqueles que se aliam ao Hamas não apenas defendem o extermínio de judeus e da nação israelense (“From the river to the sea”), dado que entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo o que existe é o Estado de Israel e os territórios palestinos, mas flertam também com atos de agressão violenta e com a intolerância a diversos outros grupos minoritários.

No Brasil, que sempre foi reconhecido por sua diversidade, nos deparamos com a dolorosa realidade do antissemitismo. Hoje sentimos a necessidade de proteger nossas famílias, ponderando sobre questões cotidianas como a segurança de nossos filhos nas escolas e a exibição de símbolos judaicos em nossas casas e vestimentas. O contato com amigos e parentes em Israel, assim como os ataques a nosso povo em comunidades judaicas do mundo inteiro, trazem o sentimento de ansiedade e preocupação para cada judeu e judia brasileiros. Essa é a nossa realidade, uma realidade que compartilhamos para sensibilizar a todos.

Nos foram relatados alguns poucos casos de intolerância no BNDES, nos quais as pessoas atingidas preferiram não se identificar. Portanto, é importante nos mantermos atentos para que esses episódios isolados sejam devidamente contidos e, se possível, esclarecidos. Acreditamos e esperamos tratar-se muito mais de desinformação ou da falta de um olhar mais profundo sobre as consequências de falas impensadas, do que de ideias movidas por preconceito étnico/religioso.

Esta carta é uma chamada à manutenção da histórica convivência respeitosa e construtiva. Mesmo que possamos discordar sobre o que se passa na região, que estejam ao nosso lado no sentido do respeito à diversidade de opinião, origem e religião e que não permitam a disseminação de desinformação ou estigmatização do povo judeu ou de qualquer outro.

Nossa única aspiração é viver plenamente, aceitando e respeitando todas as nossas semelhanças e, especialmente, nossas diferenças.

O “Nunca Mais” é agora!

Adolfo Saubermann / Adriana Sokolik Garrido / Arthur Butter Nunes / Daniel Bregman / David Carletti Levy / Erik Krauthamer Lyra / Fábio Brener Roitman / Fernanda Rechtman Szuster / Helena Mayer Zeccer Rotta / Juliana Kramer Bazilio / Leonardo Mandelblatt / Liza Alice Feingold Guttmann / Marcio Cameron / Maurino Donato Lagrutta Jalom / Mauro Stein / Ricardo Berer / Selmo Aronovich / Sergio Foldes Guimarães / Tatiana Hellman / Vanessa Bluvol

(*) Alguns signatários desta carta preferiram permanecer anônimos por questões pessoais.

(*) Este texto não necessariamente representa a opinião de todos os funcionários(as) judeus e judias do BNDES.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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