Eduardo Debaco – Economista licenciado do BNDES[1]
O governo federal lançou um grande programa no qual devedores inadimplentes poderão renegociar suas dívidas com bancos e instituições financeiras credenciadas. O governo oferece incentivos e, em certos casos, garantias para que os bancos ofereçam condições mais favoráveis para que os clientes possam pagar as contas atrasadas. Mas antes de entrar no programa, é preciso tomar alguns cuidados, como todo e qualquer negócio. Veja abaixo algumas dicas:
1 – Não caia em golpes!
Não aceite “ajuda” de intermediários, fale diretamente com seu banco ou use os sites oficiais do governo[2]e dos bancos. Aliás, essa é uma das primeiras orientações do site oficial do programa: “Fale diretamente com o seu banco”.
Intermediários apresentam 2 perigos: alguns querem apenas o seu dinheiro, outros querem também os seus dados para aplicar golpes com o seu nome. O governo até proibiu o Google de divulgar anúncios de empresas que se ofereciam para prestar esse serviço, não que seja proibido, mas é por sua conta e risco.
2 – Cadastre-se no gov.br
Se você está na Faixa 1, isto é: tem renda até R$ 2.640,00 ou está no CadÚnico e tem dívidas até R$ 5 mil, a renegociação será a partir de setembro e você precisará se cadastrar.
O login e a senha do “gov.br” podem ser usados em vários serviços, como o https://meu.inss.gov.br. Se você já tem essa senha, poderá usá-la para acessar o portal a partir de setembro, quando começa a 3ª Fase.
Se você não tem senha, entre no aplicativo ou site do seu banco e procure a opção que permite criar senha para acessar o INSS. Como já foi explicado, será a mesma senha usada para acessar o programa.
3 – Negocie!
Você não é obrigado a aceitar a proposta. Veja se realmente é vantajosa, até que ponto você precisa limpar seu nome, quanto tempo falta para prescrever (dívidas prescrevem após 5 anos, na maioria dos casos) etc. Além do prazo e do valor da parcela, é preciso que o gerente informe qual o Custo Efetivo Total (CET), ou seja, qual a taxa de juros. Taxas acima de 2% ao mês não são recomendadas. Particularmente, eu não aceitaria nada acima de 1%, mas acho isso pouco provável. Também é importante renegociar o valor da dívida, qual o desconto você vai ganhar para retomar os pagamentos?
4 – Evite se endividar novamente
Como já foi abordado no artigo “Juros e Crescimento na Agricultura: Lições para a Sociedade”[3], as taxas de juros estão muito altas e você só deve contrair dívidas em casos muito excepcionais. Exemplos disso são o financiamento habitacional com recursos do FGTS e o crédito agrícola. Ou então, se você tiver uma ótima oportunidade e precisar do dinheiro por um curto período.
Se você está inadimplente, é porque usou o crédito de forma errada, e não é recomendável limpar o nome só para pegar mais dinheiro emprestado. É preciso colocar a casa em ordem primeiro. Já ouvi gente dizer que a geladeira estragou e não podia ficar sem ela. É verdade, mas a geladeira não estraga de um dia para o outro, o melhor jeito é ter uma reserva, senão você vai comprar uma geladeira e pagar duas.
Também já vi gente que tinha esse comportamento e, depois de muito esforço, resolveu seguir esse conselho e hoje não quer mais dívidas, nem sequer atende o telefone quando o banco oferece dinheiro.
Siga essas orientações e, com o tempo, a vida ficará muito mais fácil financeiramente.
| DESENROLA BRASIL Condições Apenas para dívidas: – pessoas físicas; – inscritas em cadastros de inadimplentes (SERASA, p.ex.) em 31/12/2022; – que estavam ativas em 28/7/2022 (ainda estavam no cadastro); – tenham data de inadimplemento após 1/1/2019.* | |
| FAIXA 1 – Renda até R$ 2.640,00 ou CadÚnico; – Dívidas até R$ 5.000,00. Como acessar: – Para dívidas até R$ 100,00, não precisa fazer nada (já foi iniciado). Acima desse valor: – A partir de setembro; – Site oficial usando a senha “gov.br”. Como fazer senha “gov.br”: – Site ou app do seu banco; – Geralmente, na opção “senha do INSS”; é a mesma senha. | FAIXA 2 – Renda até R$ 20.000,00; – Dívidas de qualquer valor. Como acessar: – Fale diretamente com o banco; ou – Através do app do banco (se disponível); ou – Através do site do banco (se disponível). |
* Dívidas prescrevem em 5 anos; dívidas vencidas até 2018 já prescreveram ou vão prescrever até o final do ano.
[1] As opiniões emitidas são de responsabilidade do autor e não refletem a opinião do BNDES
[2] https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/desenrola-brasil
[3] src=”https://www.afbndes.org.br/juros-e-crescimento-na-agricultura-licoes-para-a-sociedade-por-eduardo-debaco/