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Parasitas

Fernando Newlands – Vice-presidente AFBNDES

Vínculo 1381 – O longa sul-coreano que colecionou prêmios mundo afora e no último domingo foi consagrado como vencedor de quatro Oscars (roteiro original, diretor, filme internacional e melhor filme) chama-se “Parasita”.

Na última sexta-feira, o ministro Paulo Guedes se referiu aos funcionários públicos como “parasitas”.

Professores, médicos, policiais e bombeiros são alguns exemplos de funcionários públicos. Parasitas, para o senhor Guedes.

À primeira vista, o título do filme diz respeito (spoiler alert) aos membros de uma família miserável (sim, existe miséria na Coreia do Sul) que vivem de bicos e aos poucos conseguem se inserir como prestadores de serviço, sem nenhuma qualificação para tal, na casa de uma família abastada.

Serão os parasitas desta história?

A família abastada é formada por um marido que comanda uma empresa, sua esposa dona da casa, uma filha adolescente e um menino. Talvez o arquétipo da família sul-coreana para o resto do mundo.

O desenrolar da trama mostra que os pais desta família têm pouca ou nenhuma empatia com aqueles que não pertencem ao seu extrato social. O pai reclama que a antiga empregada comia demais e diante de uma chuva torrencial, que desabriga os moradores da área pobre da cidade, a madame acha que foi uma benção por reduzir o calor. Abastados na economia, imaginam ter cultura e educação de alto nível, mas são pateticamente enganados pelos dois jovens pobretões com discursos sobre arte e educação retirados de páginas da internet. A filha adolescente tem sérias dificuldades com os estudos e o menino mostra-se uma criança extremamente mimada.

São parasitas sociais do capital. Fingem uma cultura que não têm. São fúteis, têm sérias dificuldades de desenvolver empatia pelos mais pobres e nenhuma intenção aparente de contribuir para a redução da pobreza e da desigualdade. Um “empreendedor”, uma esposa troféu (recatada e do lar) e um casal de filhos para garantir a perpetuação (não o crescimento) da família.

“Parasitas” do senhor Guedes, os funcionários públicos são selecionados por concurso, garantindo um nível mínimo de qualidade e conhecimento para a prestação de serviço à sociedade. Contratados, pagam na fonte os mesmos impostos dos empregados das empresas privadas. Mais até, já que descontam para a sua Previdência mesmo após a aposentadoria.

Já o senhor Guedes, aluno medíocre em Chicago, com bolsa custeada por recursos públicos, nunca escreveu um paper relevante (sua tese, por exemplo, nunca foi publicada aqui ou alhures). Fez sua vida profissional basicamente no setor financeiro sem estudar os problemas da economia brasileira. “Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo“. Falta-lhe empatia. É exatamente como a família abastada do filme de Bong Joon-ho.

Diferente do que afirmou o senhor Guedes, os parasitas do Estado vivem sugando seus recursos sem dar nada em troca. No Brasil consomem mais da metade de tudo o que a sociedade paga de impostos. Mais da metade… Mais da metade do que a sociedade paga de impostos vai para o setor financeiro com juros e serviços da dívida pública.

Membro de um governo de incultos, o senhor Guedes muito provavelmente não viu “Parasita”; lhe recomendaria se tivesse oportunidade, porque o que acontece no final do filme com a família abastada… Bom, este seria um spoiler imperdoável. Veja o filme, senhor Guedes.

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